As eleições na União Europeia
As próximas eleições para o Parlamento Europeu, que se realizarão no próximo 26 de junho de 2024, são vistas como um teste para a União Europeia. Os resultados poderão ter um forte impacto na forma como a UE vai se governar nos próximos anos.
As previsões são incertas, mas há sinais de que a votação será um desafio para as forças pró-UE. A guerra na Ucrânia divide os europeus. Alguns defendem uma posição mais firme contra a Rússia e outros temem que isso possa levar a uma escalada do conflito. A inflação também está a aumentar, pressionando as famílias e as empresas.
Os partidos populistas e de extrema-direita poderão ser os grandes beneficiários. Eles acusam a UE de se caracterizar pela postura burocrática e de se manter distante das pessoas. Prometem lutar por uma ação “nacionalista e patriótica”.
Segundo uma recente pesquisa do Eurobarômetro, os partidos populistas e de extrema-direita têm cerca de 30% das intenções de voto. Isso significaria que teriam maior força no Parlamento Europeu e poderiam dificultar a adoção de medidas democráticas que venham a contrariar os seus interesses.
Mas é importante considerar que as pesquisas podem ser enganadoras, e que os resultados das eleições podem ser diferentes. Os partidos pró-UE e os de esquerda procuram mobilizar seus eleitores para conseguir obter uma votação maior do que atualmente esperado.
A extrema-direita cresce
O Partido Popular Europeu (PPE), considerado de centro-direita, ou seja, da direita dita moderada, é o maior partido do Parlamento Europeu, ao qual pertence a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, desde 2018. Deve ser o mais votado em 2024 apesar dos sinais de que vai perder votos para os partidos de extrema-direita.
O Partido Social Democrata Europeu (PES) é o segundo maior e espera-se que mantenha a sua posição nas eleições de 2024, mas deve perder votos para os partidos verdes e progressistas.
O Partido Verde Europeu (EGP) é o terceiro maior partido e deve continuar a crescer nessas eleições diante da preocupação crescente com as questões ambientais e climáticas.
O Partido da Liberdade e da Democracia Direta (ALDE) é um partido liberal, deve manter sua posição, mas perderá parte dos seus votos para a extrema-direita.
Identidade e Democracia (ID) é um partido populista de extrema-direita, e deve crescer, beneficiando-se da polarização política na UE.
Fragmentação da Esquerda
A esquerda europeia é composta por diversos partidos com diferentes ideologias e agendas, dificultando a coesão e a formação de um bloco único. Essa fragmentação pode diluir os votos e dificultar a conquista de mais cadeiras no Parlamento Europeu.
O populismo de direita e extrema-direita tem crescido em vários países da UE, desviando votos dos partidos de esquerda. Essa tendência intensifica-se diante da crise econômica e social.
O desempenho dos partidos de esquerda depende também da situação política em cada país. Fatores como a popularidade do governo nacional, a situação econômica e o contexto social vão influenciar o voto em cada um dos países.
A guerra na Ucrânia é um dos fatores de impacto, alterando as prioridades dos eleitores e influenciando o voto em partidos de esquerda que defendem a paz e a diplomacia.
Os partidos de esquerda verde, que defendem a sustentabilidade ambiental e a justiça social, têm apresentado um crescimento significativo em alguns países, como a Alemanha e a Espanha. Essa tendência pode se confirmar nas eleições de 2024.
A esquerda radical, que defende uma transformação mais profunda do sistema político e econômico, também pode ganhar força em alguns países, especialmente em resposta à crise econômica e social.
Uma sondagem de opinião da YouGov, realizada em janeiro de 2024, prevê que o Partido da Esquerda Europeia (European Left) obterá 37 assentos, uma queda em relação aos 41 assentos que obteve em 2019.
Outra sondagem de opinião, realizada pela Kantar em fevereiro de 2024, prevê que o Partido da Esquerda Europeia obterá 43 assentos, um aumento em relação a 2019.
Em resumo, as previsões para o Partido da Esquerda Europeia nas eleições de 2024 para o Parlamento Europeu são incertas. O partido tem o potencial de aumentar ou perder a sua representação, dependendo da sua campanha, do clima político na Europa e da mobilização dos eleitores.
A fragmentação da esquerda é um desafio que dificulta a formação de um bloco coeso e influente. As previsões para os partidos de esquerda nas eleições de 2024 são incertas e dependem de diversos fatores, mas há crescimento da esquerda verde e da esquerda radical em alguns países, enquanto a fragmentação das esquerdas continua a ser o grande desafio a comprometer o desempenho eleitoral dos partidos progressistas.
*Imagem em destaque: Parlamento Europeu (Leonardo1982/Pixabay)
Poeta, articulista, jornalista e publicitário. Traballhou no Diário de Minas como repórter, na Última Hora como chefe de reportagem e no Correio de Minas como Chefe de Redação antes de se transferir para a publicidade, área em que se dedicou ao planejamento e criação de campanhas publicitárias. Colaborou com artigos em Carta Maior e atualmente em Fórum 21. Mora hoje no Porto, Portugal.
É autor de Poente (Editora Glaciar, Lisboa, 2022), Dezessete Poemas Noturnos (Alhambra, 1992), O Último Número (Alhambra, 1986), O Itinerário dos Emigrantes (Massao Ohno, 1980), A Região dos Mitos (Folhetim, 1975), A Legião dos Suicidas (Artenova, 1972), Processo Penal (Artenova, 1969) e Texto e a Palha (Edições MP, 1965).