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Devastação no Rio Grande do Sul: “Já vi outras enchentes, mas nada como isso”, diz morador de Canoas, uma das cidades mais atingidas

Devastação no Rio Grande do Sul: “Já vi outras enchentes, mas nada como isso”, diz morador de Canoas, uma das cidades mais atingidas

A tragédia ocasionada pelas chuvas no Rio Grande do Sul nos últimos dias atraiu a mídia do globo. Além das agências tradicionais (Reuters, AP, France Press) e dos sempre atentos jornais e sites argentinos, publicações da França, Canadá, Chile, China e Japão também noticiaram as enchentes. Entre as imagens, chamaram a atenção dos veículos de imprensa resgates de helicóptero como de uma mãe com seu bebê pelo telhado de uma casa.

As fortes chuvas que atingem o estado do Rio Grande do Sul, no extremo sul do Brasil, mataram pelo menos 83 pessoas, informaram as autoridades na segunda-feira, e mais de 100 ainda estão desaparecidas. As tempestades afetaram mais de dois terços das quase 500 cidades do estado, deixando cerca de 130.000 pessoas desabrigadas, informou a autoridade de defesa civil do estado. As inundações causadas pelas tempestades destruíram estradas e pontes em várias cidades, provocando deslizamentos de terra e o colapso parcial de uma barragem em uma pequena usina hidrelétrica. “Tenho 72 anos e é a primeira vez que vejo isso”, disse Flavio Rosa, morador de Canoas, uma cidade de cerca de 350.000 habitantes que foi uma das mais atingidas. “Já vi outras enchentes, mas nada como isso.” As condições meteorológicas melhoraram nesta segunda-feira, mas espera-se que as chuvas retornem em volumes menores no final desta semana e podem aumentar novamente entre 10 e 15 de maio, de acordo com o meteorologista local MetSul Meteorologia, noticiou a Reuters.

O britânico Guardian explica que essa parte da América do Sul não é estranha a grandes chuvas; o Rio Grande do Sul já sofreu inundações outras três vezes no ano passado. Isso se deve ao fato de as regiões polares e tropicais da atmosfera se encontrarem em torno dessa latitude, resultando em uma zona de alta pressão que proporciona longos períodos de clima seco pontuados por fortes pancadas de chuva. No entanto, esse evento foi particularmente devastador, e os especialistas atribuem o aumento das chuvas à combinação do aquecimento global e do recente fenômeno El Niño, durante o qual as águas no leste do Oceano Pacífico ficam mais quentes.

Na Associated Press (AP), reportagem indica que as enchentes deixaram um rastro de devastação, incluindo deslizamentos de terra, estradas destruídas e pontes desmoronadas em todo o estado. As operadoras relataram cortes na eletricidade e nas comunicações. Mais de 800.000 pessoas estão sem abastecimento de água, de acordo com a agência de defesa civil, que citou números da empresa de água Corsan.

O canadense Toronto Sun reproduziu texto da AP.

A agência France Press trouxe vídeo da enchente.

No Independent: Equipes de resgate quebram o telhado com tijolos para salvar um bebê das enchentes no Brasil, com vídeo

No Washington Post: Enchentes históricas matam 78 pessoas (dado ainda desatualizado), deixando o Brasil e seu presidente indignados e abalados.

O La Nación do Chile informa que 850.000 pessoas foram afetadas, das quais 141.300 perderam suas casas. As autoridades alertaram que a previsão de chuvas para os próximos dias está novamente colocando o estado em alerta de inundação.

O La Nación argentino reproduz reportagem do Globo ao informar que cenário de guerra no Rio Grande do Sul ganhou novos contornos no fim de semana. A polícia do estado do sul do Brasil começou a registrar roubos e até assaltos à mão armada em bairros alagados da capital, Porto Alegre, e nas cidades vizinhas de Canoas, São Leopoldo e Sapucaia do Sul. Dois homens foram presos ontem após atacarem um barco de resgate que navegava no bairro Mathias Velho, em Canoas, cheio de desabrigados. Mas dentro do barco estavam dois policiais, que prenderam os criminosos. Também no Mathias Velho, dois homens quase foram linchados por membros da população quando foram pegos invadindo uma casa à noite para roubar eletrodomésticos.

O Clarín traz a informação de que, com uma população de 11 milhões de habitantes, o Rio Grande do Sul tem um total de 496 municípios, dos quais 345 foram afetados. Atualmente, há mais de 14.500 profissionais na região, em sua maioria das Forças Armadas, que já realizaram 25.000 resgates aéreos, terrestres e fluviais, com o apoio de 30 aeronaves, 182 embarcações e 951 veículos. As previsões meteorológicas preveem mais chuvas em áreas já atingidas por tempestades devido a uma nova frente fria que causará chuvas fortes.

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O uruguaio El Observador fez um registro com dados da agência espanhola EFE.

Cuban News Agency: Cuba lamenta os efeitos das enchentes no Brasil. Em uma postagem no X, o presidente cubano Miguel Díaz-Canel lamentou os danos e as vítimas causados por eventos climáticos severos no estado brasileiro do Rio Grande do Sul.  “Você tem toda a nossa solidariedade e apoio; nossas condolências às famílias e amigos das vítimas e ao seu governo”, escreveu o líder cubano em sua mensagem ao seu colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, a quem garantiu que Cuba permanecerá atenta aos acontecimentos no país sul-americano”.

Le Monde ampliou a cobertura com o título “No Brasil, os desastres naturais ligados ao aquecimento global estão aumentando”.

Libération fala em “catástrofe”.

O Japan Times, que publica em inglês, também vem acompanhado a tragédia no RS com informações da agência Reuters.

Inundações recordes transformam ruas de Porto Alegre em rios, prendendo pessoas em arranha-céus, publica o South China Morning Post.

MUSK PORTA-VOZ DA DIREITA

O argentino La Nación publica extensa reportagem intitulada “Elon Musk, o super-herói da direita latino-americana”. “A Venezuela tem uma riqueza de recursos naturais. Se Chávez não tivesse destruído sua economia ao aumentar o papel do governo para o socialismo extremo, o país seria muito próspero”. O tweet é datado de 4 de abril e é assinado por Elon Musk, o bilionário proprietário da Tesla e da Space X. Mas essa não foi sua única opinião sobre um país latino-americano: “A prosperidade está prestes a chegar à Argentina”, ele escreveu no X quando Javier Milei venceu as eleições, em novembro. “Você está certo”, elogiou Nayib Bukele, presidente de El Salvador, na mesma rede social, em fevereiro passado.

Musk usa a plataforma – também de sua propriedade – para fincar uma bandeira com suas opiniões sobre todos os tipos de questões, sempre polêmicas. Da pandemia de Covid à guerra na Ucrânia, da Copa do Mundo no Qatar ao uso de drogas, qualquer tema já foi alvo da língua afiada do segundo homem mais rico do mundo (ele tem uma fortuna de US$ 195 bilhões, segundo a Forbes). O curioso é que, ultimamente, muitas das mensagens que ele publica no X se referem à América Latina, mostrando afinidade com líderes políticos de direita, como Milei, Bukele ou o brasileiro Jair Bolsonaro. E, em contraste, as vítimas de suas mensagens são sempre de esquerda, como o chavismo ou Lula da Silva. Cita também a recente batalha de Musk com o ministro do STF Alexandre de Moraes

*Vale a pena ler.

PREVIDÊNCIA SOCIAL

A agência Reuters, sempre preocupada com os níveis dos gastos públicos, publica reportagem informando que altos funcionários da equipe econômica do Brasil estão sinalizando a necessidade de reduzir os gastos com aposentadorias e pensões a fim de reforçar as contas públicas, embora seu maior desafio possa ser convencer o presidente Lula a tomar essa medida. Apesar de uma ampla reforma previdenciária em 2019, os gastos com aposentadorias e benefícios previdenciários continuam a aumentar, afetados pelo envelhecimento da população e pela política de Lula de aumentar os benefícios mais do que a inflação. O secretário do Tesouro, Rogério Ceron, disse na semana passada que as despesas previdenciárias “ainda merecem atenção” e podem exigir “medidas que permitam que a dinâmica dessa despesa tenha um crescimento compatível com a sustentabilidade fiscal de médio e longo prazo”. Os dados mais recentes do Tesouro mostram que, nos 12 meses até março, o déficit previdenciário, incluindo funcionários públicos e militares, atingiu 4% do produto interno bruto (PIB).

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