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Focos 21: os principais assuntos do Brasil na mídia internacional

Focos 21: os principais assuntos do Brasil na mídia internacional

PELA UNIVERSALIZAÇÃO DO BÁSICO

A Reunião Ministerial de Desenvolvimento do G20, que ocorreu nesta segunda-feira (22) no Rio de Janeiro, lançou um forte apelo para garantir acesso universal à água potável e saneamento básico. O evento foi presidido pelos ministros brasileiros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, das Cidades, Jarder Barbalho, e do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet.

Vieira enfatizou a necessidade de investimentos robustos em saneamento e distribuição de água para atingir as metas de desenvolvimento sustentável, e agradeceu o esforço coletivo dos países do G20 em firmar um acordo para ações concretas na área, destacando a importância desses recursos para o progresso econômico, social e a garantia de direitos humanos, como saúde e meio ambiente sustentável.

Já Simone Tebet trouxe dados alarmantes da ONU, que revelam que 2,2 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso à água tratada e 3,5 bilhões estão sem saneamento básico. No Brasil, esses números ainda são preocupantes, com 32 milhões sem água tratada e 90 milhões sem esgoto tratado. Tebet apontou as metas do Plano Plurianual (PPA) e do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para melhorar esses índices até 2027.

Jader Filho destacou os esforços do governo federal em abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo de águas pluviais e gestão de resíduos sólidos, e ressaltou a necessidade de adaptação climática e investimentos significativos para mitigar os impactos das mudanças climáticas, visando aumentar a resiliência das infraestruturas e comunidades.

A sessão reforçou a urgência de cooperação internacional e investimentos contínuos para garantir o acesso a recursos essenciais, promovendo saúde, igualdade e sustentabilidade. As reuniões ministeriais do G20 no Rio de Janeiro prosseguem durante a semana, com encontros entre ministros de Desenvolvimento e, posteriormente, responsáveis pela área econômica (Infobae).

IMPORTAM OS INTERESSES DO POVO

Lula afirmou nesta segunda-feira (22) que a relação entre Brasil e Argentina deve ser baseada no respeito mútuo, destacando a relevância desse vínculo para ambos os países. “A Argentina é um país muito importante para o Brasil e estou seguro de que o Brasil é muito importante para a Argentina”, declarou o presidente, em coletiva de imprensa no Palácio da Alvorada, enfatizando a necessidade de que o presidente argentino Javier Milei respeite o Brasil da mesma forma que o Brasil respeita a Argentina, e salientando que os interesses do povo superam os interesses pessoais dos líderes.

Lula destacou que trata de forma privilegiada as relações do Estado brasileiro com Argentina e Venezuela, independentemente de relações pessoais ou de amizade. Ele afirmou estar tranquilo em relação a Milei, considerando-o um resultado da escolha do povo argentino, e mencionou que se cumprimentaram brevemente durante a reunião do G7, na Itália.

Comentando a ausência de Milei na recente cúpula do Mercosul no Paraguai, Lula sugeriu que essa decisão será julgada pelo povo argentino. Por fim, o presidente reiterou que Milei deve pedir desculpas ao Brasil por declarações ofensivas feitas durante a campanha eleitoral do ano passado (Xinhua).

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NOS EUA

Nesta segunda-feira (22), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou sobre a decisão de Joe Biden de não buscar a reeleição e sobre o impacto dessa decisão nas relações entre Brasil e Estados Unidos.

Lula afirmou que a decisão de Biden é pessoal e que só ele pode determinar se está em condições de continuar na disputa e garantiu que, apesar da mudança, as relações bilaterais continuarão respeitosas e civilizadas, independentemente de quem seja o novo presidente dos EUA. O presidente ainda destacou a importância da parceria estratégica entre os países, e elogiou Biden pelo seu trabalho em favor dos trabalhadores. Com a desistência de Biden, o Partido Democrata agora busca um novo candidato, e a atual vice-presidente Kamala Harris já anunciou sua intenção de concorrer. Biden demonstrou apoio à candidatura de Harris

Lula disse que espera que a eleição nos EUA ocorra de maneira civilizada, sem ameaças à democracia, uma posição que já havia defendido ao criticar Donald Trump e o ataque ao Capitólio, em janeiro de 2021.

O presidente também comentou o recente ataque a tiros contra Trump, sugerindo que o ex-presidente pode tentar usar o incidente para obter vantagens políticas, e enfatizou que o foco deve ser impedir qualquer benefício político que Trump possa tentar tirar da situação (Pátria Latina, O Guardião, Prensa Latina).

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NA VENEZUELA

O presidente Lula anunciou na segunda-feira (23) que o ex-ministro de Relações Exteriores e atual assessor-chefe da Assessoria Especial da presidência, Celso Amorim, será enviado para observar as eleições na Venezuela, juntamente com dois técnicos designados pelo Tribunal Superior Eleitoral do Brasil. Lula expressou preocupação com as recentes declarações de Nicolás Maduro, que sugeriram a possibilidade de violência em caso de derrota eleitoral, e destacou a importância de se respeitar o processo democrático, afirmando que, independentemente do resultado das eleições, a relação entre Brasil e Venezuela manterá um caráter civilizado.

Lula enfatizou a importância de um processo eleitoral pacífico e reconhecido por todas as partes envolvidas, além de se manifestar sobre o veto à candidatura de Carina Yoris, que considerou uma medida “grave” e sem justificativa. O opositor Edmundo González elogiou o apoio do Brasil a um processo eleitoral pacífico e reconhecido.

A uma semana das eleições, Maduro discursou sobre seus planos para o país em caso de reeleição e levantou a possibilidade de que a oposição alegue fraude se o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) vencer. Apesar de um acordo para permitir a participação eleitoral, a oposição ainda tem reservas quanto ao reconhecimento dos resultados.

O pleito venezuelano ocorre em um cenário de intensa polarização, com a oposição participando ativamente das eleições após mais de uma década de abstencionismo. Em sua entrevista, Lula criticou as ameaças de Maduro, afirmando que a perda eleitoral deve ser aceita democraticamente e não com violência. Amorim, que tem sido um importante interlocutor entre os dois países, expressou preocupação com a ausência de observadores da União Europeia, mas se mantém confiante na realização de um processo eleitoral justo e transparente (El Destape, La Política OnLine).

EXPLORAÇÃO E COMÉRCIO DO LÍTIO

Impulsionada pela flexibilização das normas de exportação e pela crescente demanda global por baterias de veículos elétricos, a exploração de lítio no Brasil tem registrado um crescimento notável. Desde julho de 2022, com a promulgação de um decreto federal que facilitou o seu comércio, o lítio tem atraído um número crescente de empresas para Minas Gerais. O estado viu um aumento substancial no número de pedidos de exploração, que saltaram de 45 em 2021 para 851 em 2023.

Embora esses números sejam justificáveis pelo cenário atual da exploração do mineral – com a Agência Internacional de Energia estimando que a demanda por lítio crescerá 15 vezes até 2040 – as exportações brasileiras ainda não têm gerado benefícios significativos para o desenvolvimento industrial local e têm causado impactos socioambientais consideráveis. As reservas de lítio no Brasil são estimadas entre menos de 1% e 8% das reservas globais, em contraste com o “triângulo do lítio” na América Latina – que inclui partes da Argentina, Bolívia e Chile – e que detém mais de 50% das reservas mundiais.

O governo de Minas Gerais lançou o projeto Vale do Lítio para criar um centro tecnológico no vale de Jequitinhonha, região historicamente empobrecida, com o objetivo de atrair investimentos de até 30 bilhões de reais e gerar mais de 10.000 empregos até 2030. Empresas como Companhia Brasileira de Lítio (CBL), Sigma Lithium e a holandesa AMG estão ativamente envolvidas no projeto, que tem sofrido críticas acerca da falta de iniciativas para agregar valor à produção local e dos impactos negativos nas comunidades, como poeira, ruído e degradação ambiental.

Especialistas destacam a necessidade de um plano abrangente para beneficiar a cadeia de produção e respeitar a população local. Já o governo federal está desenvolvendo um plano interministerial para explorar o lítio de forma a minimizar impactos e compartilhar benefícios com as comunidades, enquanto o Ministério de Minas e Energia busca fortalecer a cadeia nacional de baterias e motores elétricos (Kaos en la Red).

SEGUE O GENOCÍDIO INDÍGENA

O número de assassinatos de indígenas no Brasil subiu para 208 em 2023, marcando um aumento de 15,5% em relação ao ano anterior, conforme relatado pelo Conselho Indigenista Misionário (Cimi). Trata-se do pior dado registrado nos últimos quatro anos, contrastando com a redução geral de homicídios no país, que caiu 3,4% segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

O relatório do Cimi também destaca a morte de 670 crianças indígenas por causas evitáveis e 180 suicídios relacionados a conflitos territoriais. Foram documentados 1.276 casos de hostilidade, incluindo atrasos na regularização de terras e exploração ilegal de recursos naturais.

Apesar dos esforços do governo federal para reverter políticas anteriores, como a expulsão de garimpeiros das terras yanomami, o relatório critica a falta de progresso na demarcação de terras e a ausência de medidas mais eficazes (La Jornada).

MAIS MILIONÁRIOS, MAIS POBREZA

De acordo com o Global Wealth Report 2024 da UBS, Brasil, México e Chile terão um aumento significativo no número de milionários nos próximos cinco anos. A projeção indica que esses três países somarão juntos 177.000 novos milionários até 2028. O relatório aponta que 52 dos 56 países analisados terão um crescimento no número de adultos com patrimônio superior a um milhão de dólares.

Em 2023, os milionários representavam 1,5% da população adulta global, com os Estados Unidos liderando a lista com quase 22 milhões de milionários. A riqueza média no Brasil cresceu mais de 375% desde a crise financeira de 2008, mas o país ainda ocupa o terceiro lugar em desigualdade de riqueza, atrás apenas da Rússia e da África do Sul.

O relatório prevê que a riqueza global continuará a crescer, com economias emergentes aumentando sua participação na riqueza mundial para quase 32% até 2028. Espera-se que o número de milionários cresça significativamente em mercados como Japão, Coreia e Taiwan, enquanto o Reino Unido e os Países Baixos terão uma redução no número de milionários.

Na América Latina, o número de milionários no Brasil deverá subir de 380.585 para 463.797, um aumento de 22%, enquanto no México o crescimento será de 24%, passando de 331.538 para 411.652. No Chile, o número de milionários aumentará 17%, de 81.274 para 95.173. No entanto, a desigualdade também aumentou na região. No Brasil, o coeficiente de Gini subiu de 70 para 81 entre 2008 e 2023, e no México, de 68 para 72. De acordo com a ONG Oxfam, os mais ricos continuam acumulando uma parte desproporcional da riqueza, enquanto a metade mais pobre da população se torna cada vez mais empobrecida (Página 12).

*Imagem em destaque: Presidente Lula durante entrevista com jornalistas estrangeiros no Palácio da Alvorada. Foto: Ricardo Stuckert/PR

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