Em visita a quatro países, Lula busca fortalecer laços comerciais e ambientais
O presidente Lula desembarcou em Riad, capital da Arábia Saudita, nesta terça-feira (28), e foi recebido pelo príncipe Mohammed bin Abdulrahman bin Abdulaziz, reporta a AFP News. Em sua provável última viagem internacional de 2023, o presidente visitará quatro países em oito dias: Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes e Alemanha.
Antes de sua partida, Lula indicou o ministro da Justiça, Flavio Dino, para o Supremo Tribunal Federal (STF), e o vice-procurador-geral eleitoral Paulo Gonet para a Procuradoria Geral da República (PGR) (saiba mais na edição desta segunda-feira (27) do Focos 21).
O objetivo principal da viagem é apresentar as credenciais climáticas do Brasil na Conferência Climática da ONU (COP28), marcando o retorno de Lula à COP como chefe de Estado após 13 anos. Entretanto, os primeiros passos da viagem se concentrarão nas relações comerciais e políticas do Brasil com o mundo árabe, começando pela Arábia Saudita.
A comitiva presidencial inclui vários ministros, como Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Carlos Fávaro (Agricultura), entre outros, e conta com autoridades como Aloizio Mercadante (presidente do BNDES), Jean Paul Prates (Petrobras), Jorge Viana (Apex-Brasil) e Rodrigo Pacheco (presidente do Senado). A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, deve se juntar a Lula durante a COP28 em Dubai.
Segundo a rede britânica BBC, o foco inicial da viagem é fortalecer as relações com a Arábia Saudita – principal parceiro comercial do Brasil no Oriente Médio –, recentemente convidada para fazer parte dos Brics. Há uma busca por aumentar e diversificar o comércio bilateral, com destaque para oportunidades de investimento do Saudi Arabia Public Investment Fund em setores como tecnologia e defesa. Apesar de uma aproximação nos últimos anos, a relação Brasil-Arábia Saudita enfrenta polêmicas, incluindo investigações sobre joias dadas à família Bolsonaro durante viagens oficiais.
Em seguida, Lula seguirá para o Catar, participando de fóruns econômicos e reuniões políticas. Depois, marcará presença na COP28 em Dubai, enfatizando as iniciativas ambientais do Brasil, e encerrará sua viagem com uma visita à Alemanha, focando em temas como meio ambiente, mudanças climáticas, desenvolvimento global, agricultura, bioeconomia, energia, saúde, ciência, tecnologia e inovação. A Alemanha é um dos defensores do acordo comercial Mercosul-União Europeia, cuja assinatura é aguardada para o próximo mês.
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De acordo com o CLAE – Centro Latino-americano de Análise Estratégica, 87,4% das pessoas mortas pela polícia no Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e outros cinco estados do Brasil em 2022, durante o governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro, eram afrodescendentes. Os números fazem parte do relatório “Pele Alvo: a Bala não Erra o Negro”, um estudo sobre o racismo relacionado à violência policial no país, o qual indica que em apenas oito das 27 unidades federativas brasileiras, a polícia matou 4.219 pessoas em 2022.
A pesquisa também destaca a falta de transparência em estados como Maranhão, Ceará e Pará quanto ao registro da cor/raça das vítimas, e revela que a Bahia foi o estado mais letal, com 1.465 mortes, das quais 94,8% eram de afrodescendentes – um número muito acima da proporção de negros na população total do estado, que é de 80,8%, segundo dados do IBGE.
O racismo estrutural é apontado como explicação para essa violência, destacando a urgência de medidas concretas. Ele continua incentivando a violência estatal no Brasil, com grande frequência de homicídios em massa perpetrados por agentes das forças de segurança, afetando de forma desproporcional a população negra das áreas marginalizadas, diz a Anistia Internacional. Em 2022, o Brasil enfrentou um ano eleitoral onde a disseminação de declarações e notícias falsas pelo ex-presidente inelegível e seus seguidores instigou a violência de motivação política, colocando em risco as instituições do Estado e prejudicando o funcionamento do sistema judicial, ameaçando e assassinando jornalistas e defensores dos direitos humanos.
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A inflação de meio de mês registrou aumento de 0,33% em novembro, impulsionada pela alta de preço dos alimentos e das passagens áreas. O IPCA-15, versão prévia do indicador oficial de inflação no Brasil (IPCA), mostra variações de 4,84% em 12 meses e 4,3% no ano. Os números indicam a possibilidade de a inflação oficial encerrar o ano dentro da meta do governo, destaca o Brazilian Report.
O preço de alimentos e bebidas foi o principal propulsor (0,17%) do resultado, tendo aumento de 0,82%. As condições climáticas extremas ligadas ao El Niño – com inundações no Sul e seca no Norte do país – comprometeram a produção, elevando os preços de itens essenciais da mesa do brasileiro, como cebola, arroz, batata e frutas. Despesas pessoais (0,5%) e transporte (0,18%) também influenciaram no aumento da inflação; as passagens aéreas tiveram aumento de 19,03% na primeira quinzena de novembro.
Os dados sinalizam uma mudança na dinâmica da inflação, com famílias mais pobres experimentando alívio nos preços dos alimentos até outubro, enquanto os mais ricos enfrentam preços mais altos de planos de saúde e passagens aéreas.
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A greve do funcionalismo público do estado de São Paulo é notícia na agência cubana Prensa Latina. Metroviários, ferroviários, professores da rede estadual, trabalhadores da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), além de funcionários de algumas instituições públicas do estado, como a Fundação Casa, decidiram em assembleia nesta segunda-feira (27) entrar em greve por 24 horas. A paralisação ocorre em protesto contra os planos do governador Tarcísio de Freitas de privatizar essas instituições.
*Imagem em destaque: Riade, Arábia Saudita, 28.11.2023 – Presidente Lula desembarca em Riade, Arábia Saudita. (Ricardo Stuckert/PR)