Lula no centro da geopolítica mundial
Lula nos EUA: democracia, investimento e meio ambiente serão tema de encontro com Biden
A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos Estados Unidos continua sendo o principal destaque na cobertura da mídia internacional sobre o Brasil.
O Washington Post ressaltou
que o encontro entre Lula e Biden ocorre após os atos golpistas de 8 de janeiro em Brasília, que ambos compartilham dos esforços para fortalecer a democracia, e que “eles chegaram ao poder depois de perturbadoras turbulências políticas com apenas dois anos de diferença”, fazendo campanha “com promessas de devolver seus países à normalidade após quatro anos de governos caóticos de governos populistas”, “tendo derrotado os presidentes em exercício que se recusaram a reconhecer os resultados eleitorais como legítimos, levando a insurreições nas capitais de ambos os países”.
Brian Winter, especialista em Brasil e vice-presidente da Americas Society and Council of the Americas, diz que Biden e Lula “são dois líderes com muito em comum” e que devem “falar o máximo que puderem sobre suas experiências compartilhadas”, e que “Lula quer apontar Biden como alguém que derrotou uma ameaça autoritária e inconstitucional e viveu para contar”, assim como Biden tem o benefício de “apontar para Lula e dizer: ‘Vejam, os EUA não são o único país que enfrentou desafios da direita autoritária”.
Outros veículos também sinalizaram que o encontro entre os presidentes terá como foco a democracia e o meio ambiente. O espanhol El País frisou que “um dos pontos fortes da visita de Lula a Biden deve ser o apoio dos Estados Unidos à democracia no Brasil, principalmente depois do atentado ocorrido há um mês, o mais grave desde o fim da ditadura no país sul-americano, assim como a promoção dos valores democráticos em todo o planeta”. A reportagem ainda relata que “ao anunciar a visita, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Kean-Pierre, alertou que iriam discutir como abordar temas como ‘o combate às mudanças climáticas, a salvaguarda da segurança alimentar, a promoção do desenvolvimento econômico, o fortalecimento da paz e segurança e gestão regional da migração”.
A Associated Press informou que “espera-se que os líderes discutam os esforços para salvaguardar a democracia, a invasão da Ucrânia pela Rússia, a insegurança no Haiti, a migração e as mudanças climáticas, incluindo os esforços para conter o desmatamento na Amazônia”.
A Reuters destacou que, embora as relações entre as duas maiores democracias do Hemisfério Ocidental tenham esfriado sob o antecessor de Lula, de acordo um alto funcionário do governo estadunidense, “os dois presidentes vão falar sobre como podemos avançar em nosso compromisso comum de promover, fortalecer e defender a democracia, não apenas em nossos respectivos países, mas no hemisfério e no mundo”. A agência de notícias ainda informou que, segundo relatos de autoridades com conhecimento direto no assunto, “o governo dos EUA considera ingressar em um fundo multilateral destinado a combater o desmatamento da Amazônia, uma contribuição que pode ser anunciada durante a reunião”.
O jornal português Publico também destaca o “recomeço” das relações entre Brasil e EUA: “É mais aquilo que une os dois líderes do que os separa, mas encontro desta sexta-feira será sobretudo para dar impulso a uma boa relação entre ambos”.
No argentino Página 12, reportagem aponta que democracia, ecologia e investimento estarão na pauta da reunião: “No encontro desta sexta-feira, é de se esperar que os presidentes se pronunciem em defesa do Estado de Direito e do respeito à soberania popular expressa nas urnas. Apurou-se que Lula vai propor a regulamentação das plataformas e redes sociais”.
Na CNN Internacional, Christiane Amanpour, considerada uma das principais jornalistas de TV dos Estados Unidos, realizou entrevista exclusiva com o presidente Lula em Washington. Interessante que ela mesma colocou vários trechos da conversa em seu perfil pessoal do Twitter. “A democracia prevalecerá – esse é o meu compromisso”; Bolsonaro é “um fiel imitador de Trump”, disse, acrescentando que “não há nenhuma chance de [Bolsonaro] voltar à Presidência da República”. Lula comentou sobre a Ucrânia (“Eu não quero me juntar à guerra, eu quero acabar com a guerra”) e sobre a divisão política do Brasil e dos EUA (“Aqui também há uma divisão, muito mais ou tão séria quanto o Brasil — democratas e republicanos estão muito divididos. Ame ou deixe-o, é mais ou menos isso que está acontecendo”, disse Lula.
***
Desmatamento na Amazônia em queda
O desmatamento da floresta amazônica teve queda de 61% em janeiro, primeiro mês do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em comparação com o mesmo período de 2022, segundo relatório oficial divulgado nesta sexta-feira, informou a Reuters. Em meados de janeiro, agentes ambientais brasileiros lançaram suas primeiras incursões contra a extração de madeira sob o comando de Lula , que prometeu acabar com a crescente destruição sob seu antecessor Jair Bolsonaro .
O desmatamento em janeiro também ficou abaixo da média histórica de 196 quilômetros quadrados para o mês desde 2016. O governo brasileiro também está lutando contra a mineração selvagem nas terras Yanomami na Amazônia, sua maior reserva indígena, em meio a uma crise humanitária atribuída a garimpeiros ilegais.
***
Desvencilhando-se do bolsonarismo
A agência Europa Press publicou matéria que trata da troca de partido por parte de alguns governadores brasileiros recém-eleitos. “As consequências políticas do assalto às instituições em 8 de janeiro já começaram a ser sentidas e alguns dos governadores recém-eleitos já estão gerindo suas saídas para outros partidos na tentativa de se distanciar do bolsonarismo diante de futuros processos eleitorais no nível nacional”. O texto ainda destaca que “a troca de siglas no Brasil é bastante comum, sendo o ex-presidente Jair Bolsonaro um exemplo disso. Em suas mais de três décadas de política, já integrou uma dezena de partidos, inclusive não estando em nenhum logo após ser eleito em 2018 pelo Partido Social Liberal (PSL) e esperando até o último momento para filiar-se ao Partido Liberal (PL), em busca de sua reeleição fracassada”.