Disputa acirrada na Argentina após debate: Massa tem 49,6% e Milei, 48,9%
A mais recente pesquisa de opinião sobre o segundo turno da eleição presidencial da Argentina foi divulgada nesta quarta-feira (15/11). Realizada na segunda-feira (13), a sondagem captou o impacto do debate eleitoral televisivo realizado no domingo entre os dois candidatos, Sergio Massa (Unión por la Patria) e Javier Milei (La Libertad Avanza). O segundo turno será realizado no domingo, 19.
Massa, cauteloso, incisivo e didático, se saiu vencedor do debate. Milei titubeou nas respostas, transpirou além da conta e não conseguiu esclarecer parte de suas propostas.
Assim como nas últimas pesquisas divulgadas, o cenário permanece de paridade entre os dois pretendentes, mas com diferença a favor de Massa. Segundo a análise da empresa Zuban Córdoba, o ministro da Economia peronista soma 49,6% das intenções de voto enquanto Milei, outsider de extrema-direita, tem 48,9% no cálculo dos votos válidos. Apenas 1,5% não sabem em quem votar. A diferença está dentro da margem de erro e se assemelha aos estudos de opinião pública publicados na semana anterior ao debate.
Pelos votos totais, Massa aparece com 48,7% e Milei, 47,9%. Brancos, 1,3%, não sabem em quem votar, 1,5% e não pretendem comparecer à votação, 0,6%. São porcentagens estreitas para a conquista de novos votos, mas ainda assim podem ser buscadas.
A Zuban Córdoba divulgou ainda que, para 95% do eleitorado, o debate de domingo não produziu modificações eleitorais. Mas 5% alteraram seu voto. A empresa entrevistou 2.500 eleitores.
Massa, candidato governista à frente de uma economia em crise, com inflação de 142,7% em um ano –dado divulgado dias antes do segundo turno. A disparada dos preços segue como desafio para o próximo mandato presidencial.
O excêntrico Milei, que alguns chamam de ultraliberal ou anarcocapitalista, pretende reduzir drasticamente o papel do Estado e tem na dolarização da economia e no fim do Banco Central algumas de suas principais propostas. Tem posição dúbia sobre o comércio com o Brasil e faz críticas constantes ao presidente Lula, que apoia indiretamente Massa, ao dizer que o próximo presidente argentino precisa gostar de democracia.
Milei recebeu o apoio de Patricia Bullrich, terceira colocada no primeiro turno, em articulação do ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019), líder da coalizão de oposição Juntos pela Mudança, para enfrentar o peronista Massa. Contrária à continuidade do atual governo, representado por Massa, Bullrich admitiu as diferenças com Milei, mas disse que tinha obrigação de não ficar neutra. Ela obteve nada desprezíveis 23,83% dos votos no primeiro turno. Massa ficou em primeiro lugar, com 36,68% dos votos, seguido por Milei, com 29,98% –até então tido como favorito da eleição.
Dados da pesquisa publicados pelo jornal argentino “El Observador”
Na foto, Massa e Milei / Reprodução
Jornalista, ex-Folha, Reuters e Valor Econômico. Participei da cobertura de posses presidenciais, votações no Congresso, reuniões ministeriais, além da cobertura de greves de trabalhadores e de pacotes econômicos. A maior parte do trabalho foi no noticiário em tempo real. No Fórum 21, produzo o Focus 21, escrevo e edito os textos dos analistas.