Progresso “espetacular” na proteção de florestas primárias no Brasil e na Colômbia
POR TATIANA CARLOTTI
O Brasil de Lula e a Colômbia de Gustavo Petro conquistaram um progresso “espetacular” na proteção de florestas primárias em 2023. É como classificam os esforços de ambos os governos, os principais veículos internacionais na cobertura da publicação anual do Laboratório de Análise e Descoberta de Terras Globais (Glad) da Universidade de Maryland, a partir do monitoramento da plataforma Global Forest Watch (GFW) do World Resources Institute (WRI).
Em 2023, destaca o levantamento, as florestas tropicais perderam 3,7 milhões de hectares de floresta primária (o equivalente à destruição de dez campos de futebol por minuto). No entanto, os índices do Brasil e da Colômbia foram “espetaculares”, com quedas na perda florestal de 36% e 49%, respectivamente. Em contraposição às duas grandes quedas, houve grandes aumentos da perda da floresta primária na Bolívia, Laos, Nicarágua e outros países, destaca o jornal britânico The Guardian.
“Acho que o que estamos vendo no Brasil, por exemplo, é realmente um caso de reinstalação da aplicação da lei que foi desmantelada durante o governo anterior”, disse Rod Taylor do WRI. Dado que o Brasil foi responsável por 43% de toda a perda de florestas tropicais em 2022, esta redução é significativa, aponta a britânica BBC. Ouvida pelo Le Monde, Mikaela Weisse, diretora do Observatório do WRI, avaliou que “o mundo deu dois passos para frente e dois para trás” na questão.
De 2022 para 2023, a perda de floresta primária na Amazônia teve uma queda de 39%, mas no cerrado, o desmatamento aumentou 6% e o pantanal também vem sofrendo perda florestal por queimadas. Embora o Brasil tenha diminuído significativamente a sua taxa de perda florestal, continuamos a ser um dos três países com maior perda de floresta tropical primária, ao lado da República Democrática do Congo e da Bolívia. O tema também foi notícia no uruguaio El Observador.
SISTEMA NACIONAL DE CULTURAL (SNC)
A cubana Prensa Latina informa que o presidente Lula homologará nesta quinta-feira o projeto de lei que institui o marco regulatório do Sistema Nacional de Cultura (SNC), organizado em colaboração entre os entes federativos. A cerimônia de assinatura acontece em Recife, capital do estado de Pernambuco, com a presença da ministra Margareth Menezes. O SNC, aprovado no Senado em 6 de março passado, estabelece garantia dos direitos culturais, organizados em regime de colaboração entre os entes federativos para gestão conjunta das políticas públicas. O PL teve autoria do deputado Chico D’Angelo (PT/RJ) e relatoria do senador Humberto Costa (PT/PE).
GENOCÍDIO
Nesta quinta, o governo brasileiro expressou profunda consternação pela morte de sete trabalhadores humanitários da ONG World Central Kitchen durante um ataque israelense em Gaza em 1º de abril. Além disso, lamentou as mortes de civis e profissionais de saúde palestinos e os danos causados, incluindo a destruição do hospital Al-Shifa. “O Brasil lamenta que mais de 200 agentes humanitários tenham sido mortos na Faixa de Gaza desde outubro de 2023. Esse número é o maior da história da ONU e representa, em menos de seis meses de conflito, quase três vezes mais vítimas entre trabalhadores humanitários do que jamais registrado em um único conflito, no período de um ano”, diz trecho do comunicado. O Itamaraty também reiterou seu firme repúdio a ações militares contra alvos civis e enfatizou a importância do cumprimento das demandas de cessar-fogo da ONU, informou Prensa Latina.
NUNCA MAIS!
Em meio ao marco dos 60 anos de golpe no Brasil, um grupo de legisladores democratas dos EUA enviou uma carta pública ao presidente Joe Biden e ao secretário de Estado Antony Blinken, pedindo a desclassificação de 13 documentos relacionados ao início da ditadura brasileira de 1964-1985. Uma medida, aponta os legisladores, “que não apenas enriquecerá o conhecimento histórico, mas também fortalecerá o compromisso dos Estados Unidos com os valores democráticos e os direitos humanos, contribuindo para a transparência e possibilitando a reflexão sobre o passado em direção a um futuro compartilhado baseado na democracia e nos direitos humanos”, informa The Brazilian Report.
ENERGIA
A Reuters destaca um novo impulso na indústria de energia do Brasil para construir novas usinas hidrelétricas como complemento aos projetos em crescimento de energia solar e eólica. Mais da metade da geração de energia do país vem de usinas hidrelétricas, mas passaram-se cinco anos desde a construção da última grande represa, a de Belo Monte no Pará. Com o retorno do governo Lula, aponta a Reuters, grupos da indústria e altos funcionários do governo estão pressionando por novos projetos de hidrelétricas, apresentando-os como uma forma de compensar fontes de energia renovável mais voláteis, como sol e vento.
PETROBRAS
A Reuters especula sobre a saída de Jean Paul Prates da presidência da Petrobras. “Aloizio Mercadante, chefe do banco de desenvolvimento estatal BNDES, está sendo considerado como substituto de Prates, com o apoio do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que tem apoiado Prates, disse uma das fontes. A possível saída de Prates foi reportada pela CNN Brasil, citando três fontes não identificadas e indicando Mercadante como candidato para substituí-lo. Outro nome em consideração é Bruno Moretti, secretário especial do palácio presidencial que faz parte do conselho da Petrobras, disse uma fonte governamental à Reuters”.
LEITE
Os produtores de laticínios brasileiros estão pressionando o Ministério do Comércio do país para emitir uma medida antidumping contra as importações de laticínios da Argentina e do Uruguai, alegando que esses produtos entram no Brasil a preços de produção mais baixos, informa o argentino La Nacion. Embora o país tenha aumentado suas importações de laticínios em 69% em 2023 em relação ao ano anterior, houve uma comoção na indústria local devido ao aumento das importações e à diminuição das exportações de laticínios argentinos para o Brasil no mesmo período, diz a reportagem.
MORO
O juiz José Rodrigo Sade, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Paraná, votou a favor da cassação do mandato e inelegibilidade por oito anos de Moro, membro do partido conservador União Brasil. No entanto, após um empate na votação, a juíza Claudia Cristina Cristofani solicitou mais tempo para análise e suspendeu o julgamento, que será retomado na próxima segunda, 8 de abril. Se Moro for cassado pelo TRE e a decisão for confirmada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), novas eleições serão convocadas no Paraná para preencher sua vaga de senador, que permanecerá inelegível até 2030, informa a cubana Prensa Latina.
Foto em destaque: Amazônia (Wikipedia/ Neil Palmer/CIAT – Flickr)
Repórter do Fórum 21, com passagem por Carta Maior (2014-2021) e Blog Zé Dirceu (2006-2013). Tem doutorado em Semiótica (USP) e mestrado em Crítica Literária (PUC-SP).