Lula lidera esforços pela reintegração sul-americana em cúpula de presidentes
Para o presidente brasileiro, “uma América do Sul forte, segura e politicamente organizada amplia as possibilidades de afirmação de uma verdadeira identidade latino-americana e caribenha no plano internacional”.
O retiro de presidentes da América do Sul em Brasília, proposto pelo presidente Lula, gerou grande repercussão na mídia mundial nesta terça-feira, 30 de maio.
“Lula inaugura retiro de presidentes sul-americanos para relançar integração regional”, informa publicação do argentino La Nación, lembrando que desde seu retorno ao poder, em janeiro, o presidente brasileiro tem buscado restaurar a influência do Brasil no cenário internacional e agora busca relançar a cooperação na América do Sul por meio de uma nova versão da Unasul, que atualmente conta com apenas sete dos seus 12 membros fundadores.
Em seu discurso de boas-vindas, Lula destacou a necessidade de fortalecer a união entre os países da região. “Entendemos que a integração é essencial para o fortalecimento da América Latina. Uma América do Sul forte, segura e politicamente organizada amplia as possibilidades de afirmação de uma verdadeira identidade latino-americana e caribenha no plano internacional” expressou o presidente, de acordo com o uruguaio La Diaria.
O argentino Página/12 destaca que o Palácio Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, foi o local escolhido para o encontro dos presidentes Alberto Fernández (Argentina), Luis Arce (Bolívia), Gabriel Boric (Chile), Nicolás Maduro (Venezuela), Gustavo Petro (Colômbia), Guillermo Lasso (Equador), Mario Abdo Benítez (Paraguai), Luis Lacalle Pou (Uruguai), Irfaan Ali (Guiana) e Chan Santokhi (Suriname). Em nome da presidente peruana, Dina Boluarte, estará o presidente do Conselho de Ministros, Alberto Otárola. Boluarte não pode deixar o país por questões constitucionais.
Segundo a agência Reuters, Lula solicitou aos bancos estatais que trabalhem em conjunto para financiar o desenvolvimento e enfatizou a necessidade da região reduzir sua dependência de “moedas externas” no comércio, sem mencionar o dólar americano.
Ele propôs a criação de um mercado regional de energia e sugeriu ações coordenadas para lidar com as questões relacionadas às mudanças climáticas, e afirmou que a integração sul-americana foi interrompida nos últimos anos por governos conservadores, destacando seu antecessor de extrema direita, Jair Bolsonaro, que, de acordo com ele, levou o Brasil ao isolamento tanto em relação ao mundo quanto a seus vizinhos.
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O uso político da Caixa Econômica Federal por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro, em uma clara tentativa de reeleição, causou um calote bilionário sem precedentes ao banco.
O Jornal de Notícias, de Portugal, relata que em março de 2022, antes do período oficial das eleições, Bolsonaro promulgou duas medidas com o objetivo de conceder empréstimos a devedores de baixa renda que apoiavam o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, buscando obter mais votos nesse segmento. Essas medidas, sem precedentes, permitiram a distribuição de recursos principalmente durante o período eleitoral, mas acabaram por não surtir o efeito esperado.
Os beneficiários desses empréstimos, entretanto, agiram de maneira previsível, e não cumpriram suas obrigações com a Caixa Econômica, expondo a instituição, vinculada ao governo brasileiro, a um nível de risco sem precedentes.
*Imagem em destaque: Presidentes na reunião de países Sul-Americanos (Ricardo Stuckert/PR)