Programas – de 18 a 26 de abril
*O programa é não esquecer o que Amitabh Behar, diretor Executivo da Oxfam Internacional, Comitê de Oxford para Alívio da Fome, disse, esta semana: “Israel está fazendo escolhas deliberadas para matar civis de fome. Imagine como é não apenas tentar sobreviver com 245 calorias todos os dias, mas também ter que observar seus filhos ou parentes idosos fazerem o mesmo. Isto, enquanto estavam deslocados, com pouco ou nenhum acesso a água potável ou a um banheiro, sabendo que a maior parte do apoio médico desapareceu e sob a ameaça constante de drones e bombas”. Publicado na Revista Fórum.
*Aproximadamente 300 mil palestinos sobrevivem no norte de Gaza com apenas 245 calorias por dia. Um pão francês de 50g tem 140 calorias.
*O programa é seguir o destino dos recém-nascidos e das crianças que estão morrendo de desnutrição, em Gaza, segundo contundente informe da BBC World Service, do último mês de março, autoria das jornalistas Amira Mhadhbi e Stephanie Hegarty.
*Abril vermelho: na sua luta pela reforma agrária, nessa semana que relembra o massacre de Eldorado dos Carajás, há três décadas, o MST divulga as 30 ações realizadas das quais 24 são ocupações, em 14 estados. O Movimento dos Sem Terra denuncia a existência, ainda hoje, depois de 40 anos de sua fundação, de 105 mil famílias acampadas às margens de rodovias em todo o país aguardando um pedaço de terra.
*Relembrando a fala do Presidente Lula em Bogotá, na Colômbia, esta semana: “Somos um continente colonizado. Nossa cabeça historicamente era voltada, de um lado, para a Europa, onde estavam os colonizadores, e, do outro lado, para uma economia mais pujante, sobretudo a dos EUA. (…) Depois de 520 anos de existência, todos nós continuamos pobres”, se referindo ao desemprego, à desnutrição e a mortalidade infantil presentes no continente sul-americano.
*Programa importante: o longa-metragem brasileiro A Queda do Céu, de Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha, vai estrear na Quinzaine des Cinéastes (Quinzena de Cineastas), a mostra paralela ao Festival de Cannes, que promove a descoberta de novos diretores independentes. O filme é um diálogo com o livro homônimo do xamã Yanomami Davi Kopenawa, e de Bruce Albert, antropólogo francês. Uma obra considerada por especialistas um clássico contemporâneo que trata do sonho e da luta do povo Yanomami e da força poética e geopolítica do xamã, filósofo e líder Davi Kopenawa.
*Eu devia estar na escola é o título do livro produzido pela ONG Redes da Maré em parceria com a editora Caixote. O volume reúne depoimentos de crianças e adolescentes da Maré que viveram situações de violência em seu território. “Toda criança pode sentir medo e vai sentir medo. Faz parte da vida da criança sentir medo. Mas é diferente sentir medo do monstro debaixo da cama ou de abrir o guarda-roupa à noite e sair de lá uma bruxa, e sentir medo de perder a vida, né? Esse medo de perder a vida, as crianças não deveriam sentir”, diz uma das autoras do livro, Ananda Luz, que acompanhada de Isabel Malzoni, organizou os depoimentos e desenhos das crianças e adolescentes.
*Segundo dados da ONG Fogo Cruzado, 642 crianças e adolescentes entre zero e 17 anos foram baleadas no Grande Rio desde julho de 2016. Significa que, em média, a cada quatro dias uma criança ou adolescente foram baleados. Desse total, 289 morreram.
*De olho no Festival de Cannes, de 14 a 25 de maio. Este ano, dois filmes brasileiros já têm participação confirmada: o primeiro, Motel Destino, do festejado e premiado diretor cearense Karim Aïnoux. Será exibido no grupo principal da festa da Croisette, seleção de filmes competidores, disputando a Palma de Ouro. Esta é a terceira vez que Aïnouz participa de Cannes. Venceu em 2019 com o brilhante filme A Vida Invisível, na mostra Un Certain Regard e competiu com Firebrand, no ano passado.
*O segundo filme brasileiro em Cannes 2024 é Baby, do diretor mineiro Marcelo Caetano. Está no grupo de outros sete candidatos ao premio da Semana da Crítica, seleção de prestígio que este ano contou com nada menos que mil candidatos. É o segundo longa-metragem do cineasta autor de Corpo Elétrico.
*Esta semana, na Casa do Povo, no bairro do Bom Retiro, em São Paulo, lançamento póstumo do livro A morte de Vladimir Herzog – a desconstrução da versão do suicídio, de Alberto Kleinas, cientista político que participou do movimento estudantil e dos primeiros anos do Partido dos Trabalhadores. O evento foi organizado com o apoio do Instituto Vladimir Herzog e do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Foi também uma homenagem ao autor, falecido em 2022 (Editora Alameda)
*O lançamento do livro Por trás das chamas: Mortos e desaparecidos políticos – 60 anos do golpe de 1964, de autoria dos jornalistas e escritores Nilmário Miranda, Carlos Tibúrcio e Pedro Tierra (Hamilton Pereira), será no próximo dia 25, das 17 às 19h45, na sede da editora Expressão Popular e do Armazém do Campo. São relatos sobre Memória, Verdade e Justiça e sobre a luta contra a ditadura civil-militar e as práticas nazistas de agentes da repressão que torturaram e assassinaram militantes na Casa da Morte em Petrópolis, esquartejando seus corpos para incinerá-los na tristemente célebre Usina Cambahyba, em Campos dos Goytacazes. É leitura indispensável. O endereço: Alameda Nothmann, 806 – Campos Elísios. Estações de metrô próximas: Santa Cecília e Marechal Deodoro. Estacionamento na Barão de Limeira.
*Outra edição imperdível: Tempos de Chumbo, livro de 22 textos com as memórias de parentes próximos de Jango, o presidente João Goulart – a viúva Maria Thereza e os filhos Denise e João Vicente –, da deputada Luiza Erundina e do ex-senador Pedro Simon. Volume organizado por Carol Brito, filha do saudoso foto- jornalista Orlando Brito, com 41 imagens de sua autoria ilustrando o trabalho idealizado pelo MyNews e publicado pela Editora Alameda.
*Acaba de estrear no CinebrasilTV Sérgio Ricardo: Uma Outra História do Cinema Novo, documentário com a trajetória do eclético cineasta, compositor, cantor e pintor na cinematografia. O filme é de Rafael Rosa Hagemeyer e acompanha Sergio desde a Bossa Nova, o aprendizado de cinema com Ruy Guerra, seu amadurecimento como músico, os desafios colocados por Glauber Rocha para a trilha de Deus e o Diabo na Terra do Sol, e seus confrontos com a censura da ditadura. Ziraldo, Antonio Pitanga, Othon Bastos, Ítala Nandi, Alceu Valença e Geraldo Azevedo participam do filme sobre o artista que alguns conhecem como ‘aquele que quebrou o violão no palco’. Filme disponível, na íntegra, no YouTube (clique aqui para assistir). Reprises no Canal Brasil: 19/04 às 23h00; 21/04 às 00h00; 23/04, terça, às 05h00; 25/04, quinta, às 16h30; 27/04, sábado, às 13h30 e 29/04, segunda, às 07h00.
*O programa da próxima semana para jornalistas profissionais é participar da votação, no próximo dia 26, para 1/3 do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). É importante votar.
*Estreou essa semana nas telonas, Sem Coração, da alagoana Nara Normande e do pernambucano Tião, este já premiado em Cannes no grupo de curtas-metragens. O filme é produzido pela Cinemascópio, empresa de brasileiros e franceses ligados ao cinema, e foi premiado como Melhor Filme e Melhor Fotografia no último Festival do Rio e vem do Festival de Veneza, do ano passado. A história se passa em um verão, no litoral de Alagoas, entre adolescentes.
*Classe trabalhadora na capital do agronegócio: terra, trabalho e espaço urbano em Sorriso-MT, do sociólogo Luiz Felipe F. C. de Farias, é mais uma leitura relevante sobre as contradições do cenário das chamadas ‘cidades do agronegócio’. Apoiado em fontes documentais, estatísticas e entrevistas, o autor desvenda o processo de constituição de um espaço em que se revelam “forte segregação social, o encontro conflituoso de etnias e novas formas de exploração, juntando pedaços de um Brasil diverso e desigual”, como ressalta a Editora Alameda, na sua apresentação.
*Grande programa, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, a exibição de oito filmes em homenagem a Marlon Brando e Marcelo Mastroianni que completariam cem anos este ano. Brando agora, em abril. Mastroianni em setembro próximo. Pena que a mostra foi rápida demais. Termina no próximo domingo, dia 21. Merece reprise estendida a unidades da Cinemateca em outros estados.
*O jornalista e correspondente brasileiro Pepe Escobar, sediado no Oriente, está no Brasil para encontros com o público durante os quais falará sobre o declínio da ordem imperialista e a ascensão do mundo multipolar. Em São Paulo, na livraria Tapera Taperá, sábado, dia 20, entrevistado pelo professor Lejeune Mirhane. Dia 22, Clube de Engenharia no Rio de Janeiro. Em seguida, dia 25, será a vez de Salvador, e dias 26 e 27, Belo Horizonte. Escobar é autor, entre outros, do livro Império do caos.
Jornalista.