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Sai VISITA, PRESIDENTE, e entra O PLANALTO, PRESIDENTE

Sai VISITA, PRESIDENTE, e entra O PLANALTO, PRESIDENTE

Documentário sobre os 580 dias de Lula na prisão é uma produção da GloboNews

Com a linguagem de televisão, como não podia deixar de ser, já que se trata de uma produção do canal Globonews, o documentário Visita, Presidente*, dirigido, roteirizado e editado pelas jornalistas Julia Duailib e Maira Donnici, é um “registro histórico” (como diz Duailib) oportuno, importante e que emociona.

Com cerca de duas horas de duração, ele é dividido em três blocos com roteiro enxuto e boa edição, embora as interrupções para a entrada de publicidade (!) desidratem parte da sua força e enfraqueçam o tema principal: o drama vivido durante os 580 dias da prisão ilegal do Presidente Luis Inácio Lula da Silva, iniciada em abril de 2018 na carceragem do prédio da Superintendência da Polícia Federal do Paraná, em Curitiba.

Uma pena e uma prisão injusta decretadas por um juiz hoje reconhecidamente parcial (assim como a sua lamentável equipe), fato reconhecido hoje, aqui no Brasil e lá fora, no mundo.

doc se refere a três momentos do drama político e humano de Lula: o primeiro, em São Bernardo Campo, horas antes de se apresentar á polícia federal para cumprir a pena decretada; o segundo, o período em que esteve encarcerado sempre acompanhado de uma fiel e admirável vigília de apoiadores que não o deixou só por um só momento, dia e noite; e o terceiro ao ser libertado e recebido pelos corajosos apoiadores vindos de todas as partes do país.

O título do trabalho se refere ao aviso de praxe dos carcereiros do presidente quando chegavam a família, advogados e amigos mais próximos para articulações políticas, decisões a serem tomadas e conversas gerais. Eles diziam: tem visita, Presidente.

Esse é o bloco mais significativo do documentário. Nele não há apelação emocional, há respeito e austeridade, – mas não frieza – no que diz respeito ao protagonista maior, o Presidente, que quase não aparece em cena: o seu perfil nessa travessia difícil é desenhado através das mais de 30 excelentes entrevistas sinceras, emocionadas e sempre bem realizadas durante dois meses, com advogados, amigos, agentes policiais, companheiros de partidos, com a então namorada Janja da Silva.

Fernando Haddad, Cristiano Zanini, a advogada Valeska Teixeira, Ricardo Stuckert, Luiz Eduardo Greenlagh, Gleisy Hoffman, José Eduardo Cardozo, os advogados Manoel Caetano e Luiz Carlos Rocha/o Rochinha, Celso Amorim, Paulo Okamotto, as secretárias particulares e do Instituto Lula que permaneceram trabalhando com a agenda do Presidente – como Claudia Troiano-, o secretário particular há sete anos, sociólogo Marco Aurélio Santana Ribeiro, o Marcola, nomeado agora para a chefia de seu gabinete no Planalto.

Detalhes pessoais sobre a jornada do presidente na prisão de Curitiba revelados pelos entrevistados: na mesa de cabeceira da sua cela, sempre as imagens de Xangô e de Nossa Senhora da Aparecida. A permanente e surpreendente atualização do Presidente em relação a tudo que estava ocorrendo no país e no mundo e até mesmo informações e notícias que seus visitantes ainda não tinham. Os dez quilômetros que fazia, todas as manhãs, na esteira instalada na cela. os muitos livros que lia. Os pedidos a amigos políticos (a Amorim, Genoíno, entre outros) para lhe enviarem pequenas análises sobre o que estava acontecendo em outros países. E a importância que dava ao ”bom dia” que os intrépidos grupos da vigília lhe desejavam, todas as manhãs.

Além do gosto de Lula pelo samba, pelo forró e por canto gregoriano…

Ao contrário do que diz a apresentação de Julia Duailib – ”um diálogo desse período com o que promete ser o seu governo nos próximos 4 anos” – não se cumpre. O doc se encerra abruptamente e nesse sentido deixa frustração.

Mas o seu ponto forte e que justifica assisti-lo é a reafirmação da extensão do calor afetuoso inato e da profunda humanidade do indivíduo Lula. Eles vão além da sua mais que conhecida firmeza e são reforçados – se vê no documentário – quando ele decide, em importante carta sobre a discussão se deveria aceitar ou não alternativas propostas para não continuar preso – tornozeleira eletrônica, prisão domiciliar etc.

A frase de Luis Inácio Lula da Silva registrada em Visita, Presidente e que fica para a História: ”Não troco a minha dignidade pela minha liberdade”.

*Em exibição na Globoplay para assinantes e nos seguintes horários na Globonews: dia 29 para 30: 3h30m // sexta, dia 30: 7h30m // sábado, 31: 20h30m // dia 31 para domingo, dia 01: 5.30 // domingo, dia 01: 0 hora.

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