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Cinema de férias: favoritos

Cinema de férias: favoritos

Um resumo das dezenas dos favoritos da nossa crítica especializada – não mais dos melhores filmes – pode ser uma boa dica para o espectador atualizar o contato com a arte do cinema durante as férias de verão.

Com a pulverização dos canais e a diversificação de empresas de exibição de filmes nesse novo mundo cinematográfico da pós-pandemia dos seus períodos mais duros; com as plataformas de streaming multiplicadas e filmes apresentados em lives seguidos de debates; com as novas estratégicas criadas para estrear filmes recentes e com uma vaga de produções clássicas, de décadas atrás reprisadas on-line que substituem cartuchos de cassete alugados em videoclubes hoje obsoletos; com todas essas transformações drásticas e abruptas, as tradicionais seleções dos dez melhores filmes do ano também mudaram e se diversificaram em nichos de gêneros distintos – ficção, suspense, terror, documentários etc. A maioria desses filmes foi entregue ao público; alguns, por enquanto, foram vistos e/ou resenhados apenas pela crítica.

Há uma grande variedade de opções para assistir a esses filmes nessas férias, lembrando também das produções asiáticas cada vez mais ao alcance das plateias do novo mundo multipolar.

Um resumo das dezenas dos favoritos da nossa crítica especializada – não mais dos melhores filmes – pode ser uma boa dica para o espectador atualizar o contato com a arte do cinema durante as férias de verão. Lembrando que a prestigiosa premiação do Globo de Ouro de Hollywood acabou de sair, esta semana, e aponta na direção do cinema político, sucesso já de preferência de diversos produtores, e que tende a aumentar nos próximos tempos, para os filmes de ficção científica e para as cinebiografias.

Até os cinemas, que mesmo com grandes dificuldades para se manterem funcionando, assim ocorre com as livrarias, voltam a oferecer ao espectador filmes nas telonas – o meio mais legítimo  de qualidade na exibição -, e pouco a pouco retornam à normalidade nas suas receitas.

Abaixo, resumo dos filmes favoritos da maioria da crítica especializada incluindo premiados com o recente Globo de Ouro. A ordem de preferência dessa listagem é aleatória.

Argentina, 1985, de Santiago Mitre e com Ricardo Darín é o mais apontado como favorito de 2022. Filme político, venceu a premiação de Hollywood como grande produção em língua não inglesa e é candidato ao Oscar, em março próximo, como longa metragem estrangeiro. O tema é o processo contra a Junta Militar argentina do ditador Videla e os  procuradores que investigaram e montaram a acusação contra os responsáveis pelos anos de chumbo do país. Trata da resposta da Justiça à sangrenta ditadura militar de 1976/1983 no país e vem emocionando as platéias internacionais que o aplaudem nas salas, quando as sessões terminam. No Prime Video.

Drive my car, de Ryusuke Hamaguchi, é a adaptação de um conto do escritor Haruki Murakami e representa o vigor renovado do cinema asiático. Vem com toda a força política e cultural do continente que hoje é um dos protagonistas do novo mundo multipolar. Ilusões, culpas, a integridade da força do sentimento e a busca e o encontro com a verdade seriam saídas para fazer a vida menos dura: esses são alguns dos ingredientes das diversas camadas de reflexões oferecidas pelo sofisticado filme japonês. Louvado em prosa e verso pela crítica nacional e internacional, foi destaque e premiado em festivais de prestígio – Berlim, Nova Iorque, Cannes, Londres, no Globo de Ouro e no Oscar. Sua carreira foi breve nos cinemas brasileiros.

Marte Um: brilhante e comovente produção brasileira, do grupo que faz cinema na cidade de Contagem, em Minas Gerais. Diretor, Gabriel Martins. Foi escolhido para representar o Brasil na categoria  Filme Estrangeiro, em março próximo, no Oscar 2023, e já foi exibido em Sundance e no Festival de Gramado. É  o retrato de uma sociedade que vive os seus dias sem saber como será o amanhã, mas com confiança no futuro. No Claro TV (ex-Now), Netflix, HBO, Youtube.

Pinóquio, já conhecido como ”Pinóquio de del Toro” vem fazer companhia ao anterior Pinóquio, do italiano Matteo Garrone, de 2019. É uma nova leitura política da fábula de Carlo Collodi criado em espetacular e sofisticado stop motion, igualmente sombrio como o primeiro. Aqui,  o mexicano Guillermo del Toro, em dupla com Mark Gustafson na direção, se apropria da luta contra os movimentos neofascistas que pipocam mais uma vez pelo mundo e usa Mussolini como o adversário. É um filme de ”adeus ao Pinóquio da Disney” de 1940. Na Netflix.

Elvis, de Baz Luhrmann (famoso por Moulin Rouge e O Grande Gatsby) , revive a legenda do Rei do Rock nos anos 60/70, sua magia e fascínio no palco, com seu vozeirão e carisma. Até mesmo em uma de suas últimas apresentações consagradoras no Carnegie Hall de Nova Iorque (que nós assistimos), mesmo  corpulento, pesado, fora de forma física e, dizem, já algo doente, sua atuação era incomparável. É uma boa cinebiografia. Na plataforma TV Claro e HBO Max.

Fortaleza Hotel. Filme do diretor, ator e roteirista cearense Armando Praça que já se destacara na autoria de Greta, delicada história sobre sexualidade e solidão. É cinema-poesia evocando o lirismo de Wong Kar-Wai – o que não é pouco. Narra a história de Pilar, camareira de hotel da capital do Ceará que quer partir de Fortaleza para morar na Irlanda. Na contramão, ela conhece Shin,  sul-coreana que vem ao Brasil para dar um destino ao corpo do marido morto. Armando Praça é do grupo de realizadores do Ceará. Assim como o de Pernambuco, ambos fazem o cinema dos mais interessantes do país. Esse seu filme ganhou o reconhecimento entusiasmado da crítica cinematográfica mais refinada. Na Claro TV.

– Espetacular produção indiana, RRR: Revolta, Rebelião, Revolução não é um “filme de Bollywood” como os longas-metragens gravados em hindi e produzidos pelos estúdios de Mumbai. É gravado em telugu, falado no estado de Telangana, mas aqui dublado para o hindi. Blockbuster internacional, do diretor e roteirista S. S. Rajamouli, nele os seus dois excelentes protagonistas mitológicos lutam em câmera lenta com tigres gigantes e destroem palácios colossais. Sequências empolgantes, hipnóticas, como também as das danças guerreiras. Custou 43 milhões de dólares, é um belo filme, longo, de 187 minutos, mas  segura o espectador até o fim. RRR denuncia a violência da cruel e ultra-racista colonização britânica na Índia pré Gandhi. É outro filme imperdível, cinema-espetáculo autêntico. No catálogo da Netflix.

Belfast está no catálogo das plataformas Globoplay, Claro Video, Apple iTunes, Google Play Movies, Amazon . É a narração da vida de uma família protestante da Irlanda do Norte, da classe trabalhadora, na perspectiva do filho de nove anos, Buddy, durante os tumultuados anos de 1960. No Festival de Toronto de 2021, o filme de Kenneth Branagh foi o grande vencedor e é inspirado nas suas recordações da infância.

Batman: o diretor é Matt Reeves, o mesmo de Planeta dos Macacos. Mais um episódio da trajetória do homem morcego em Gotham, que debutou nas telas há cerca de 60 anos. Em exibição no HBO Max,  ganhou várias resenhas elogiosas dos críticos cinematográficos. O vilão, Charada, é o ótimo ator Paul Dano e Robert Pattinson é quem faz Bruce Wayne, um Batman deprimido e tristonho. Em tempo: o longa arrecadou mais de  670 milhões de dólares em todo o mundo até agora; e foi produzido com 200 milhões.

O pálido olho azul (The Pale Blue Eyes) já recebeu resenhas elogiosas embora tenha estreado em poucos cinemas ao apagar das luzes de 2022. É dirigido por Scott Cooper e baseado em um romance do escritor Louis Bayard. Christian Bale faz o ex-detetive Augustus Landor que investiga um crime com um assistente, um cadete mau humorado, com o nome de Edgar Allan Poe. Chegou há pouco ao catálogo da Netflix.

– O filme anglo-americano Aftersun está disponível no serviço de streaming Mubi. É a obra de estréia da diretora escocesa Charlotte Wells e frequentou algumas listas de filmes fevoritos de 2022, aqui e lá fora. Trata de um pai (ator Paul Mescal) e sua filha adolescente (Frankie Corio) em férias, juntos, e é o roteiro de reminiscências de Charlotte Wells. Um filme indie, um dos queridinhos da temporada.  

Tudo em todo lugar ao mesmo tempo: Na plataforma Amazon Prime, Apple TV, Youtube. Filme de uma dupla de diretores e roteiristas conhecida como ‘os Daniels’: Daniel Kwan e Daniel Scheinert. Reúne comédia, ficção científica e ação isto é, tudo ao mesmo tempo no mesmo lugar mesmo. Produção apreciada pela maioria da crítica, premiada no recente Globo de Ouro e protagonizada por uma das atrizes asiáticas mais festejadas do momento. Michelle Yeoha tem 60 anos, é malaia e faz uma mulher de meia-idade em uma jornada pelo multiverso quando muda a sua vida aprendendo a lutar…

Há muita tela para relaxar, nos próximos meses.

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