Programas – de 4 a 12 de janeiro
*Pároco da Igreja São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca, o Padre Julio Lancellotti, no vídeo abaixo, do YouTube (direção e roteiro de Carlos Pronzato) é objetivo: “Eu não trabalho com morador de rua; eu convivo com moradores de rua”. Objeto de uma absurda proposta de CPI por parte da Câmara de Vereadores de SP, o pároco está sendo o grande assunto dos noticiários nestes últimos dias. Diz ele: “Os pobres devem atuar e mudar as estruturas. O Poder não muda nada. A mudança tem que vir dos pobres”.
*Na próxima segunda-feira, dia 8, às 17 horas, todos defronte do Masp, em São Paulo, convoca os grupos Povo Sem Medo e Frente Brasil Popular para relembrar que o país está unido em defesa permanente da democracia.
*Nota oficial da Associação Brasileira de Imprensa sobre a investigação em ação judicial na qual é alvo o jornalista Breno Altman. “Para a ABI essa investigação soa como evidente assédio a um jornalista crítico. Uma tentativa de calá-lo com ameaça de um processo criminal, o que é inconcebível no estado democrático de direito, que todos nós, jornalistas, sempre nos empenhamos em defender, notadamente nos últimos anos”.
*”Confundir as posições antissionistas de Altman – cidadão judeu – com crime de antissemitismo é fazer o jogo dos que defendem o genocídio que o governo de Israel comete na Palestina ao provocar milhares de assassinatos, inclusive de inocentes crianças”, segue a manifestação da ABI.
*O coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia (CAAD) registra sobre esse “terrorismo judicial” contra o jornalista: “É censura”. As falsas acusações contra Breno Altman vêm da Conib, Confederação Israelita do Brasil.
*O livro do policial federal Jorge Chastalo Filho narrando sua experiência como carcereiro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante sua prisão ilegal na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, deve ser lançado em 2024 e, provavelmente, será adaptado para o cinema. Circula rumores sobre o interesse no projeto de Juliano Dornelles, codiretor do filme Bacurau. A obra é o resultado de anotações que Chastalo fez aos poucos durante os 580 dias em que foi o responsável pela custódia de Lula. Segundo consta, seu trabalho foi aprovado pelo Presidente.
*Pequena grande pensata de Frei Betto publicada entre o réveillon de primeiro de ano e o dia dos Reis Magos: “Ao contrário dos orientais, somos uma civilização ruidosa. Falamos em cascata, passamos horas ao telefone (executivo é um celular no qual um homem se dependura pela orelha), mantemos ligados a TV, o rádio, o som, como se, perante o silêncio, temêssemos mirar a própria face interior. Claro, o mercado não oferece silêncio porque haveria queda de consumo. Malha-se o corpo, não o espírito”. Mas, segundo ele, “no entanto, a vida ensina que a felicidade jorra da intimidade”. Frei Betto é escritor, autor de Sinfonia Universal – a cosmovisão de Teilhard de Chardin (Editora Vozes).
*Estes são alguns dos filmes das várias seleções que mais encantaram a crítica de cinema em 2023, apresentados em cinemas e/ou em plataformas de streaming: Terceira Guerra Mundial, de Houman Seyedi, Os Banshees de Inisherin, de Martin McDonagh, Assassinos da Lua das Flores, de Martin Scorsese, Sem Ursos, de Jafar Panahi, Propriedade, de Daniel Bandeira, Mato Seco em Chamas, de Adirley Queirós, o argentino Puan, de Maria Alché e Benjamin Naishtat e Oppenheimer, de Christopher Nolan, Triângulo da Tristeza, de Ruben Ostlund e Folhas de Outono, de Aki Kaurismäki.
*Alguns dos melhores documentários exibidos ano passado na opinião de diversos críticos: Elis & Tom, de Roberto Oliveira e Jom Tob Azulay, Retratos Fantasmas, de Kleber Mendonça Filho, Ithaca: A Luta Por Assange, de Ben Lawrence, O Marinheiro das Montanhas, de Karim Aïnouz, Nelson Pereira dos Santos: Vida de Cinema, de Aída Marques e Ivelise Ferreira, Sinfonia de um Homem Comum, de José Joffily.
*Janeiro, mês do teatro. Em cartaz mais uma vez o espetáculo As Crianças em uma temporada relâmpago no Teatro Poeira, em Botafogo, no Rio de Janeiro. Direção de Rodrigo Portella, com de Analu Prestes, Mario Borges e Stela Freitas, a peça foi indicada para 25 prêmios. É vencedora dos prêmios Shell, APTR, Cesgranrio e Botequim Cultural.
*As Crianças estreou com grande sucesso em 2016, em Londres, e conta a história de três físicos nucleares que se encontram numa isolada casa à beira-mar em região outrora bucólica, mas devastada por um acidente nuclear. Do próximo dia 9 até 25 de fevereiro. Vale assistir. Ingressos no Sympla Bileto.
*Em cartaz no Teatro Nelson Rodrigues, apresentada pela Caixa Cultural Rio de Janeiro, a opereta Cabelos Arrepiados com o grupo da Cia. Buia Teatro, de Manaus. A história: cinco crianças têm seus sonhos roubados; e privadas de sono enfrentam medos gerados por maus pensamentos, refletem sobre os perigos da destruição do meio ambiente e do consumo desenfreado. Direção de Tércio Silva a partir do libreto da dramaturga Karen Acioly. Vale conferir. Até o dia 14, quintas, sextas e sábados, às 17 horas. Aos domingos, às 15 horas.
*E no teatro Poeirinha, reestréia de Van Gogh entre Corvos, direção de Ary Coslov, com Marcelo Augusto Aquino, até março. Encenada pela primeira vez em 2016, a peça ganha nova montagem com atualizações no texto. Inspirado no livro Van Gogh – O suicidado da sociedade, de Antonin Artaud. OPoeirinha fica na Rua São João Batista, Botafogo.
*Na arena do Sesc Copacabana, Eduardo Barata e Regina Miranda dirigem o musical com 40 composições que homenageiam o alagoano Djavan. O elenco é composto apenas por vozes femininas. Djavanear – Um tanto flor, um tanto mais é o título. Estreia dia 11.
*Em reestreia, 60 dias de neblina com direção de Beth Goulart e texto de Renata Mizrahi. A atriz Juliana Didone encena o espetáculo inspirado em livro de Rafaela Carvalho sobre os desafios dos primeiros meses de maternidade. No EcoVilla Ri Happy, no interior do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, de segunda a sábado.
*Outra reestreia teatral: Intimidade indecente com Marcos Caruso e Eliane Giardini que voltam ao Rio com a peça da dramaturga Leilah Assumpção. Narra a separação de um casal sessentão desgastado pela mesmice da rotina, mas que segue se reencontrando, e ainda reconhecendo um no outro o seu maior cúmplice. Teatro Riachuelo, no Centro do Rio de Janeiro.
*Territórios é o título do livro de imagens do paraibano Walter Carvalho, um dos craques da fotografia do cinema brasileiro, lançado no fim do ano passado. Na mesma época foi realizada bela exposição do trabalho de Carvalho no Museu da Fotografia da cidade de Fortaleza. “Uma boa imagem deve deixar dúvidas”, diz o mestre das luzes e sombras no cinema.
*Em curso, preparativos para as comemorações dos 80 anos de Chico Buarque, dia 19 de junho. Claudette Soares virá com um álbum com músicas de Chico gravadas em estúdio paulista e arranjos do pianista Alexandre Vianna. Estão previstos shows, discos e musicais de teatro com a obra do compositor carioca, mas Claudette, que grava músicas de Chico desde os anos 1960, sai na frente com seu álbum com sete canções mais outras gravações, inclusive de Tatuagem, composição da peça Calabar: o Elogio da Traição, escrita em 1973 por Chico e Ruy Guerra.
*Leitura oportuna: Amazônia no século XXI – trajetórias, dilemas e perspectivas, volume organizado por Antonio Augusto Rossoto Ioris, professor associado de Geografia Política na Escola de Geografia e Planejamento da Universidade de Cardiff, e Rafael R. Ioris, professor de História Latino-Americana e Política Comparada na Universidade de Denver. Nessa reflexão crítica de fundo histórico, humano, geográfico e conceitual, escrevem os organizadores: “A Amazônia contemporânea é um grande espaço de conflitos, de devastação e intensa busca por explicações e alternativas. Pensar a Amazônia é pensar na imensidão, no superlativo e no muito mais por perguntar e aprender a interrogar”. Cerca de 20 autores e autoras colaboram como contribuintes. (Alameda)
*Outro programa infantil: a animação Patos! estreando esta semana em cinemas de várias regiões do Brasil. Trata-se da história de uma família de patos que vive aventuras e supera desafios. Entre os dubladores, a atriz Claudia Raia e o ator Ary Fontoura.
*E no aguardo de uma estreia cinematográfica importante: o doc Servidão, de Renato Barbieri, apresentando o trabalho escravo contemporâneo com foco na Amazônia. “Conforme fui conhecendo ‘em campo’ trabalhadores rurais que haviam sido escravizados, fiz uma seleção de personagens reais para o filme. O exemplo mais emblemático é o maranhense de Pindaré-Mirim Marinaldo Soares Santos, escravizado 13 vezes e liberto em três diferentes ocasiões pelo Grupo Móvel”, diz Barbieri. Estreia prevista para 25 deste mês nos cinemas.
*Lembrando: em 3 de janeiro de 1898 nascia Luiz Carlos Prestes. Em 1990 o corpo do ‘Velho’ foi acompanhado desde o Palácio Tiradentes, onde foi velado, até o Cemitério São João Batista. Uma caminhada emocionante. “De Norte a Sul,/de Leste a Oeste,/O povo repete/Luiz Carlos Prestes”!
Jornalista.