Programas – 24 a 30 de novembro
*A frase de Antonio Gramsci é mais do que conhecida. Mas não é demais relembrá-la: “O velho mundo está morrendo. O novo tarda a aparecer. Nesse claro-escuro surgem os monstros”.
*A Al Jazeera noticiando o ataque covarde – mais um – do estado de Israel na Faixa de Gaza, o bombardeio da escola Al Fakhura, da Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina no Próximo Oriente, a UNRWA: “Centenas de pessoas estão se refugiando dentro desta escola”. E o Comissário Geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, na sua conta na Plataforma X: “Recebendo imagens e gravações horríveis de muitas pessoas que morreram e (ou) que ficaram feridas. Estes ataques não podem tornar-se algo comum; devem parar. O cessar-fogo humanitário não pode esperar mais”, clamou Lazzarini.
*Em 2019, estudo da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, a UNCTAD, revelou: “Geólogos e economistas de recursos confirmaram que oterritório palestino ocupado possui reservas significativas de petróleo e gás natural, na costa mediterrânica voltada para a Faixa de Gaza”. Explicado?
*Milicianos, livro recém-lançado do jornalista Rafael Soares, é didático ao esmiuçar o problema da segurança no Brasil. O subtítulo informa: “Como agentes formados para combater o crime passaram a matar a serviço dele”. O livro reproduz trechos da conversa de Bolsonaro com a BBC sobre as milícias, em 2008: “Elas oferecem segurança e conseguem manter a ordem e a disciplina nas comunidades. O governo deveria apoiá-las. E no futuro deveria legalizá-las”, opinou o presidente de ocasião.
*A obra Estação etnográfica Bahia: a construção transnacional dos Estudos Afro-brasileiros (1935-1967), do sociólogo e antropólogo Livio Sansone, da Universidade Federal da Bahia, acaba de ser lançada pela Editora da Unicamp. O autor revisita as principais teorias raciais desenvolvidas na cidade de Salvador a partir da década de 1930 e se baseia em estudos de quatro antropólogos estrangeiros: o casal Frances e Melville Herskovits, Edward Franklin Frazier e Lorenzo Turner.
*Grande lançamento inaugurando a temporada de festas de fim de ano. Especulação cinematográfica, de autoria de Quentin Tarantino, um dos maiores cineastas de sua geração, chega às livrarias brasileiras no dia 4 de dezembro. O celebrado diretor de sucessos como Kill Bill e Pulp Fiction vai compartilhar com o público os seus pensamentos e suas opiniões sobre a sétima arte. Teoria do cinema, críticas de filmes, relatos dos diferentes períodos da história dos Estados Unidos, as mudanças mais marcantes na sociedade assim como sua fascinante história pessoal estão no livro que com certeza será um sucesso literário e cinematográfico. Tradução de André Czarnobai, da Editora Intrínseca, o volume já se encontra em pré-venda.
*Narrativas Negras está na plataforma Filmicca com filmes dirigidos por cineastas negros e com protagonismo negro. Entre curtas e longas, filmes de ficção,documentários e animação. A coleção inclui filmes sobre o racismo e o colonialismo como a conhecida produção biográfica Frantz Fanon – Pele Negra, Máscara Branca; obras-primas do diretor senegalês Djibril Diop Mambéty como A Pequena Vendedora de Sol, Hienas, e Preciosa Ivie e Supa Modo.
*O jornalista Jamil Chade nos lembra: “Em Gaza, em 2023, é também a nossa própria humanidade que é soterrada nos escombros a cada morte de uma criança. A utopia da paz enterrada em valas comuns”.
*E Jean-Luc Godard já convidava a pensar e lembrar, na sua sabedoria: “O esquecimento do extermínio faz parte do extermínio”.
*A Pallas Editora lança, neste final de ano, Era uma vez um quintal, de Andreia Prestes, ilustrado por Paula Delecave. As ilustrações são com fotos do álbum da família da autora, neta de Luís Carlos Prestes pelo lado materno e de João Massena Melo, por parte de pai, sobre quem a trama se desenvolve. Lançamento dia 10 de dezembro, às 11h00, na Janela Livraria do Jardim Botânico, no Rio. O leitor viaja com a autora até uma casa em Cascadura, subúrbio carioca, onde há cerca de sete décadas mora dona Ecila, 94 anos, avó de Andreia e viúva de Massena.
*Sobre o desaparecimento de cidadãos e cidadãs durante a ditadura civil-militar no Brasil, Andreia Prestes comenta: “Esse tipo de violência praticada pelo Estado – o desaparecimento – é também uma estratégia de silenciamento. Digo pela minha família: ainda é muito difícil falar sobre esse desaparecimento”, lamenta.
*Sobre velhice e sexo, a jornalista e escritora Tania Camargo Celidonio está lançando Mistérios e Aflições da sexualidade na velhice, sábado (25), na Hilário Livraria, no Largo da Prainha, em Copacabana. A roda de conversa programada para a festa será com Graça Lago, que lembra, parodiando o samba: “Estamos velhos, mas ainda não morremos”. Com ela, Mario Lago Filho.
*O ativista do Comitê de Luta do Crato, Guilherme Beserra, lançou um novo livro infantil, Lenito e o Casaco de 2 Francos: A História Não Contada das Fábricas. A obra é dirigida ao público infantil e ambientada na Normandia, na França. Relata a história de Lenito, personagem que se vê diante de um ‘casaco de 2 francos’ e a partir daí embarca em jornada de descobertas e amizades onde as crianças são levadas a um mundo no qual as máquinas das fábricas tecem não apenas roupas, mas também histórias de pessoas fortes e corajosas. Parte dos recursos arrecadados com a venda do livro é destinada à Ação Entre Amigos Vai Pra Cuba! O livro está disponível na Amazon (clique aqui).
*Democracia para quem? Volume que reúne palestras proferidas em 2019 por três intelectuais do movimento feminista – Angela Davis, Patricia Hill Collins e Silvia Federici –, no seminário internacional Democracia em Colapso promovido pelo Sesc São Paulo e pela Boitempo, editora que em dezembro próximo coloca essa obra no seu Clube do Livro do mês. Os temas: capitalismo, racismo, desigualdade social, ecologia, entre outros.
*No volume, Angela Davis afirma que não pode haver democracia sem a luta histórica das mulheres negras: “Quando as mulheres negras se moveram em direção à liberdade, elas nunca representaram apenas elas mesmas”. Patrícia Hill Collins diz que não faz diferença pensar em liberdade para pessoas negras sem pensar no que isso significa para homens negros quanto para mulheres negras. E a italiana Silvia Federici observa a resistência das mulheres na defesa dos bens comuns: “Elas defendem seus bens quando defendem a floresta, a terra ou as águas de uma empresa da mineração ou de petróleo. Elas dizem que a Terra pertence a todos e a todas”.
*O ministro do Supremo Dias Toffoli sugeriu a Bolsonaro deixar o país antes da posse de Lula: este é um dos detalhes que se encontram no livro O Tribunal – Como a Suprema Corte se uniu ante a ameaça autoritária, do jornalista Felipe Recondo (Prêmio Esso de Jornalismo de 2012) e do também jornalista e advogado Luiz Weber. Lançamento recente, há uma semana, pela Editora Companhia das Letras.
*Os concertos Candlelight voltam a iluminar lugares especiais no Rio de Janeiro: o Museu do Amanhã, (dia 26), o Teatro PRIO, no Jóquei Clube (01de dezembro) e a Igreja de São Francisco da Penitência (dia 8).
*Atenção: domingo próximo é o último dia da Flip, a Festa Literária de Paraty que emplaca a sua 21ª edição. A homenageada oficial deste ano é Pagu. Com ela, todas as mulheres resistentes e guerreiras desse país.
Jornalista.