Haddad e Dallagnol no foco do noticiário externo
Carmen Munari
A agência Reuters traz reportagem com foco na taxa de juros brasileira. Informa que nesta quarta-feira os ministros da área econômica destacaram o potencial para o início da flexibilização monetária, enquanto o Banco Central continuou a sinalizar cautela devido às preocupações com as expectativas de aumento da inflação. “Meu entendimento de que há espaço para um ciclo de corte não é ofensivo”, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante uma audiência na Câmara dos Deputados, esclarecendo que ele não questiona a autoridade do Banco Central para definir as taxas. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, destacou as condições favoráveis para a redução das taxas de juros em agosto, citando a proposta do governo sobre o novo regime fiscal. A próxima reunião de política monetária do BC está programada para 20 e 21 de junho.
Mas o presidente do BC, Roberto Campos Neto, não deu nenhuma dica sobre a flexibilização monetária, enfatizando que o Brasil enfrenta desafios para consolidar a redução da inflação e destacando novamente as preocupações com o aumento das expectativas de inflação. “A convergência da inflação continua condicionada a outras variáveis macroeconômicas, como a reação das expectativas de inflação, as projeções da dívida pública e os preços dos ativos”, disse o presidente do BC. Durante sua participação online na conferência anual do banco, Campos Neto apontou que a inflação caiu de 12,1% em abril de 2022 para 4,2% no mesmo mês deste ano.
Com o título “O último esforço do ministro da Fazenda para a aprovação da estrutura fiscal”, o noticiário Brazilian Report também publicou nota sobre declarações de Haddad desta quarta-feira na Câmara, em uma última tentativa de convencer os legisladores da necessidade de aprovar a nova estrutura fiscal. Visivelmente calmo, ele parecia compartilhar a confiança do governo em um resultado bem-sucedido. A votação da proposta pode ocorrer na semana que vem.
*A urgência para acelerar a tramitação do projeto fiscal deve ser votada nesta quarta-feira pela Câmara.
A dívida em todo o mundo aumentou no primeiro trimestre para quase US$ 305 trilhões, e o custo crescente para pagar o serviço dessa dívida está gerando preocupação com a alavancagem do sistema financeiro, de acordo com estudo Instituto de Finanças Internacionais, segundo a Reuters. Trata-se do maior valor desde o primeiro trimestre do ano passado e a segunda maior leitura trimestral de todos os tempos. 75% do universo de mercados emergentes do IIF registraram um aumento nos níveis de dívida em termos de dólares no primeiro trimestre, com o valor total ultrapassando US$ 100 trilhões pela primeira vez. China, México, Brasil, Índia e Turquia registraram os maiores aumentos, segundo os dados.
A Reuters publicou análise sobre as viagens do presidente Lula. O foco do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva na política externa e um cronograma incessante de viagens ao exterior correm o risco de distraí-lo da abordagem de questões domésticas espinhosas, disseram dois aliados seniores do presidente de esquerda. Esses comentários francos, expressos sob condição de anonimato, sugerem um desconforto crescente dentro do campo de Lula em relação ao seu ritmo de viagens e seu compromisso de intermediar a paz entre a Rússia e a Ucrânia em um momento em que há uma grande pressão para entregar resultados rapidamente ou arriscar-se a dar vantagem ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores de direita. Ambas as fontes aplaudiram o desejo de Lula de mostrar ao mundo que o Brasil está de volta depois que Bolsonaro manchou a posição internacional do país – mas não às custas de resolver problemas domésticos.
O argentino ElDiarioAr, que cobre de perto os fatos brasileiros, publicou a notícia da cassação do mandato de Deltan Dallagnol: a justiça eleitoral derrubou o número 2 do processo internacionalmente conhecido como Lava Jato. O ex-procurador e agora ex-deputado Delton Dallagnol, que atuou ao lado do ex-juiz Sergio Moro nos processos que levaram, em 2018, à prisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ontem, o Tribunal Superior Eleitoral – sob a presidência do juiz do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes – decidiu, em apenas um minuto e por unanimidade, cassar o mandato de Dallagnol na Câmara dos Deputados.
O português Público também noticiou a cassação, por irregularidades no processo de candidatura. O ex-procurador disse que a decisão faz parte de uma “vingança sem precedentes” contra os responsáveis pela operação anticorrupção.
Prensa Latina: Leonardo Rodrigues de Jesus, apelidado de Léo Índio e sobrinho do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, foi incluído hoje pelo Supremo Tribunal Federal na investigação sobre os ataques golpistas de 8 de janeiro na capital. A Procuradoria Geral da República solicitou em abril a investigação do parente do ex-militar e o STF deve acatar o pedido. De acordo com o documento assinado pelo ministro Antonio Dias Toffoli, o juiz do STF Alexandre de Moraes determinou as medidas cautelares contra o sobrinho de Bolsonaro por sua “participação ativa nos atos violentos antidemocráticos”.
Equador
Um dos principais assuntos do dia da América Latina veio do Equador. No Guardian: O presidente em apuros do Equador, Guillermo Lasso, dissolveu o Congresso em uma tentativa de escapar do impeachment – uma manobra radical que ocorre em meio a um cenário de retrocesso democrático mais amplo e turbulência política em toda a América Latina. Lasso anunciou a medida drástica na manhã de quarta-feira, um dia após o início de um julgamento de impeachment que parecia provável que levaria à sua remoção do poder nos próximos dias. “Mulheres e homens equatorianos: esta é a melhor decisão para encontrar uma saída constitucional para a crise política (…) e dar ao povo do Equador a chance de decidir seu futuro nas próximas eleições”, tuitou o presidente, empresário conservador de 67 anos, que foi eleito em abril de 2021 após derrotar o economista de esquerda Andrés Arauz.
Foto ministro Fernando Haddad – Lula Marques/Agência Brasil
Jornalista, ex-Folha, Reuters e Valor Econômico. Participei da cobertura de posses presidenciais, votações no Congresso, reuniões ministeriais, além da cobertura de greves de trabalhadores e de pacotes econômicos. A maior parte do trabalho foi no noticiário em tempo real. No Fórum 21, produzo o Focus 21, escrevo e edito os textos dos analistas.