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Na última semana, Lula vai a ato pela democracia, debate da Globo e faz live sobre propostas de governo

Na última semana, Lula vai a ato pela democracia, debate da Globo e faz live sobre propostas de governo

Pesquisas, a Geni desta eleição, indicam liderança de Lula

Na última semana antes do segundo turno das eleições para presidente e de 12 governadores, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que liderou o voto no primeiro turno e está na frente nas pesquisas eleitorais, participa na segunda-feira (24/10) de Ato em Defesa da Democracia e do Brasil, no Teatro Tuca, às 19h (rua Monte Alegre, 1024, SP). O evento é promovido pelo grupo Prerrogativas, formado por juristas e advogados, e engajado na campanha lulista.

Na terça-feira (25/10) Lula participa às 18h30 da live Brasil do Futuro acompanhado do candidato a vice Geraldo Alckmin (PSB), da senadora Simone Tebet (MDB) e da ex-ministra Marina Silva (Rede). O programa tratará das propostas para o Brasil. O evento será transmitido ao vivo pelas redes do ex-presidente. 

Foi cancelado encontro desta quarta-feira (26/10) de Lula com motoristas de aplicativos e motoboys em São Paulo (SP). A nova agenda de Lula prevê reunião com representantes da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) às 17h, na rua Fidalga, 92, São Paulo, SP.

Na quinta-feira (27/10), dia de seu aniversário, em que completa 77 anos, o ex-presidente Lula concede entrevista ao vivo à rede de rádios Clube FM a partir das 8h, com transmissão para o conjunto de emissoras de nove estados, de todas as regiões do país, além de redes sociais e portais de internet do Correio Braziliense e outros veículos dos Diários Associados. Também será transmitida pelas redes sociais do ex-presidente e pode ser acessada após a transmissão ao vivo.

Questionado na entrevista sobre quem será o futuro ministro da Economia, o ex-presidente indicou algumas características, sem revelar nomes. “Inteligência política, muito compromisso social, pensar na responsabilidade fiscal e também na social”, afirmou. “Quando pensar em segurar o dinheiro, tem que pensar que tem gente passando fome, criança abandonada, crianças que passaram dois anos sem estudar.”


E dois dias antes da eleição, na sexta-feira (28/10), o candidato do PT participa de debate com seu opositor Jair Bolsonaro (PL) na TV Globo, com início às 21h30. Com mediação do jornalista William Bonner, terá cinco blocos. O primeiro e o terceiro serão de temas livres, com duração de 30 minutos. Cada candidato terá 15 minutos e deverá administrar seu tempo entre perguntas, respostas, réplicas e tréplicas. Quem abre o primeiro bloco é Bolsonaro, enquanto Lula inicia o terceiro. O segundo e o quarto blocos serão de temas definidos pela produção da TV Globo, e terão duração total de 20 minutos, divididos em dois debates de 10 minutos. Os candidatos deverão escolher entre seis assuntos exibidos em um telão.

Lula obteve no primeiro turno 57.259.504 votos; e Bolsonaro, 51.072.345. A diferença foi de 6.187.159. A senadora Simone Tebet (MDB), que aderiu à campanha de Lula, com participações em inúmeros atos públicos de campanha do PT, recebeu no primeiro turno 4,9 milhões de votos, ou 4,2%. Parcela desta votação tem potencial para se reverter para Lula.

Os 12 Estados onde haverá segundo turno são Alagoas, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo

Pesquisas: a Geni da eleição

No mais recente Datafolha, divulgado em 19/10, Lula aparecia com 49% das intenções de votos e Bolsonaro, com 45%. No Ipec (ex-Ibope) Lula tinha 50% e seu opositor, 43% em resultado que veio a público em 17/10, índices que se repetiram na divulgação da segunda-feira (24/10).

Datafolha, Ipec, Quaest e Ipespe divulgarão novas pesquisas nesta semana. Os três primeiros também devem publicar no sábado, véspera da eleição, a última pesquisa desta eleição presidencial.

As sondagens ficaram bastante desacreditadas no primeiro turno por não terem previsto a votação de Bolsonaro –superior ao indicado nas estimativas. Os institutos justificaram os índices divulgados na véspera com o argumento de que o eleitor do presidente tomou a decisão na última hora, parte deles retirando apoio a Ciro Gomes (PDT). A justificativa serve para Ciro também, que aparecia em terceiro lugar nas pesquisas e ficou em quarto na votação. Dirigentes das empresas de pesquisas tiveram espaço no horário nobre da mídia tradicional para se explicar e passaram a publicar textos do tipo “saiba como ler pesquisas”: “levantamentos são um retrato do momento, e não uma tentativa de acertar o resultado das eleições.”

Antonio Lavareda, cientista político do Ipespe, instituto de 36 anos, veio a público com uma explicação diferente. Para ele, nenhum instituto tem condições de estimar de modo razoável a abstenção, pelo fato de o voto ser obrigatório e os prováveis absenteístas não revelarem essa disposição. É o que compromete o dado dos votos válidos. A abstenção não é pesquisada nem calculada e para os válidos são retirados pelos institutos os nulos, brancos e “não sabem”.

“Não se faz amostra para captar ‘votos válidos’. Faz-se para colher a distribuição de preferências eleitorais em todo o universo. E é assim que os resultados das pesquisas são divulgados até perto das eleições, quando “aparecem” então os tais “votos válidos”. Obviamente com o intuito de os fazerem comparáveis com aqueles divulgados pelo TSE. Mas às vezes se aproximam, e às vezes, não. Dependendo de vários fatores, sobretudo de como a abstenção subtrai diferenciadamente votos dos diversos candidatos”, escreve Lavareda em artigo no Conjur. A fatia dos eleitores que não comparece às urnas – a chamada abstenção – não entra na conta dos votos, totais ou válidos, computados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O tribunal retira também os votos brancos e nulos no cálculo dos válidos.

Após o primeiro turno, Bolsonaro tentou um golpe e mandou o Cade (o Cade?) e a Polícia Federal investigarem as empresas que realizam pesquisas –tentativa barrada em 24 horas pelo ministro Alexandre de Moraes, nosso xerife de plantão.

Arthur Lira então foi acionado e acelerou a tramitação de um projeto de lei na Câmara dos Deputados que prevê criminalizar a divulgação de pesquisas eleitorais quando os resultados das urnas estiverem fora das margens de erro indicadas pelos institutos. Por 295 votos favoráveis e 120 votos contrários foi aprovado na terça-feira,18/10, um requerimento de urgência para o projeto do deputado Rubens Bueno (Cidadania-PR), que também amplia multas a institutos de pesquisa e altera o conceito de pesquisa fraudulenta. O requerimento, tirado da cartola, é de 2014 e o projeto, de 2011. Com a urgência aprovada, o projeto de lei pode ir direto ao plenário, sem ser discutido nas comissões. Também um pedido de CPI foi protocolado na Câmara por políticos aliados de Bolsonaro para investigar suposto uso político de institutos de pesquisa com o objetivo de influenciar o resultado das eleições.

Empate na “Economist”

Mas o que causou espanto e passou quase despercebido do cenário eleitoral foi uma publicação da revista “The Economist” em 10/10 que indicava empate entre Lula e seu adversário, ambos com 50% das intenções de voto no segundo turno. E apontava ainda: Lula com viés de baixa e Bolsonaro com viés de alta. O dado teria saído de um agregador de pesquisas, ferramenta que calcula índices a partir da reunião de várias pesquisas eleitorais. A revista apagou o “resultado” e saiu-se com uma reviravolta: Lula com 54% e o adversário com 46%.

A agência Bloomberg resumiu em título a derrapada da revista britânica: “Lula e Bolsonaro empatados? Economist retifica dado que viralizou na Faria Lima”. Quer dizer, os farialimers acreditaram em uma possível vitória do inominável e, claro, negociaram a chance. A notícia da Bloomberg informava ainda que muitos no mercado financeiro lembraram da subida de Aécio Neves (PSDB) versus Dilma Rousseff (PT) em 2014, o que todos sabemos não se concretizou no resultado final.

A “Economist” justificou o erro em nota publicada pela mídia brasileira. “Como as intenções de voto de Bolsonaro aumentaram depois do 1º turno, nosso modelo inferiu que ele estava ganhando terreno sobre Lula. Mas entre os dias 7 e 10 de outubro, nenhuma nova pesquisa foi publicada. Na ausência de novos dados, o spline [curva matemática] assumiu que a opinião pública continuava a mudar a favor de Bolsonaro e que pesquisas futuras mostrariam resultados ainda melhores”. Engano, desejo ou fraude?

Pesquisas não valem só por si. Pesquisas se tornaram ouro para a mídia em geral. Geram análises, comentários, projeções, ocupam páginas e horários na TV e substituem a reportagem de rua, aquela que deveria captar as intenções do eleitor. Também são usadas como argumento para obtenção de recursos financeiros para as campanhas.

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