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“Reparação histórica”: MPI da início a repatriação de artefatos indígenas

“Reparação histórica”: MPI da início a repatriação de artefatos indígenas

‘MAIS QUE UM RETORNO’

O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) deu início nesta terça-feira (16) a um conjunto de ações através do Grupo de Trabalho de Restituição de Artefatos Indígenas (GT), criado em 2023, para permitir que comunidades indígenas recuperem bens e objetos de suas culturas que estão em museus fora do país.

A primeira iniciativa do grupo foi tratar do retorno do Manto Tupinambá, pertencente ao povo homônimo do sul da Bahia. O Museu Nacional confirmou na quinta-feira (11) que a toga nativa, que estava na Dinamarca desde o século XVII, está de volta ao Brasil. Um dia antes, 598 itens de 40 povos indígenas, que estavam no Museu de História Natural de Lille, na França, também retornaram ao Brasil.

O retorno das peças tem motivado um debate mais amplo sobre a repatriação de outros artefatos, documentos e objetos levados durante a colonização. “Isso é mais que um mero retorno. É um processo de reparação histórica como um todo, com o envolvimento ativo do GT, que olhou para o manto como ponto de partida para a criação de uma política pública que vai aproximar povos indígenas de objetos muitas vezes sagrados”, disse a ministra do MPI Sonia Guajajara.

Os membros do GT perceberam a necessidade de construir recomendações, estabelecer fluxos e protocolos para que as comunidades indígenas acessem os espaços que armazenam esses artefatos. O grupo trabalha para desenvolver metodologias jurídicas, administrativas e culturais para a devolução e recepção dos artefatos.

O Manto Tupinambá será exibido no Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, ainda este ano (Prensa Latina).

BRASIL CHAMA EMBAIXADOR NA ARGENTINA

O governo brasileiro convocou nesta segunda-feira (15) o seu embaixador em Buenos Aires, Julio Bitelli, para consultas a fim de avaliar o futuro das relações bilaterais com a Argentina. A convocação ocorre em um momento de crescente tensão entre os dois países, intensificada pela recente participação do presidente argentino Javier Milei em um evento conservador em Santa Catarina, onde se encontrou com o ex-presidente Jair Bolsonaro. De acordo com fontes do Itamaraty, o chamado de Bitelli, embora raro, não tem caráter de represália ou protesto.

A relação entre Lula e Milei tem sido marcada por desentendimentos desde antes das eleições presidenciais argentinas, no ano passado. Durante a campanha, Milei referiu-se a Lula como “ladrão”, “corrupto” e “comunista”, e convidou Bolsonaro, não Lula, para sua posse. Os ataques verbais do argentino e a falta de diálogo direto entre os presidentes contribuíram para o acirramento das tensões. Além disso, a ausência de Milei na cúpula do Mercosul, realizada no Paraguai, e sua participação na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), realizada por iniciativa do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, aumentaram o desconforto diplomático.

Julio Bitelli chegou ao Brasil no domingo para uma semana de reuniões, buscando avaliar o rumo das relações em meio ao atual cenário. Em entrevista ao portal G1, enfatizou a importância de conduzir a relação da melhor forma possível, apesar das visões divergentes dos presidentes, e destacou a necessidade de se manter as relações em nível de Estado, minimizando a situação, apesar de reconhecer as tensões.

Nesta segunda-feira (15), Bitelli se reuniu com o ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira e teve uma breve conversa com Lula, que estava em um almoço com o presidente da Itália, Sergio Mattarella. O embaixador também planeja encontros com ministros para tratar de diferentes agendas de cooperação entre Brasil e Argentina.

A convocação de Bitelli foi decidida no final da semana passada, em um tom mais tranquilo do que o inicialmente especulado. Durante sua visita ao Brasil, o presidente argentino evitou elevar o tom contra Lula e não abordou a relação bilateral em sua participação na CPAC. No entanto, sua ausência de reuniões com autoridades brasileiras foi vista como uma descortesia, e a falta de sua presença na cúpula do Mercosul gerou mal-estar.

Milei já expressou sua oposição à participação da Argentina no Mercosul e ameaçou retirar o país do bloco. Embora não tenha concretizado a ameaça, tem bloqueado medidas propostas pelo Brasil no âmbito do Mercosul, gerando frustração em Lula, que atualmente preside o bloco. As tensões entre os países refletem-se em várias áreas além da diplomática, afetando a cooperação e o diálogo entre as duas maiores economias sul-americanas (La Nación, Correio da Manhã, La Nación).

BRASIL E ITÁLIA, 150 ANOS

O presidente Lula afirmou na segunda-feira (15) que reiterou ao presidente da Itália Sergio Mattarella o desejo do Brasil de concluir o quanto antes o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE). Em declaração conjunta à imprensa após um encontro em Brasília, Lula insistiu que o progresso nas negociações depende da resolução das contradições internas dos europeus, destacando que as exigências ambientais impostas unilateralmente pela UE afetariam, por exemplo, cinco dos dez produtos brasileiros mais exportados para o mercado italiano. “A redução das emissões de CO2 é um imperativo, mas não deve ser feita com base em medidas unilaterais que vão impactar as vidas dos produtores brasileiros e dos consumidores italianos”, disse. Mattarella concordou que é crucial aprovar rapidamente o acordo.

Durante o encontro, os presidentes também discutiram temas globais como a luta contra a fome e a pobreza, reforçando a cooperação entre Brasil e Itália. Mattarella, em sua primeira visita ao Brasil em 24 anos, visitará várias cidades brasileiras, incluindo áreas afetadas pelos recentes desastres naturais no Rio Grande do Sul. A visita também abrangeu acordos práticos, como a atualização do entendimento sobre o reconhecimento mútuo de licenças de condução entre os dois países e a assinatura de memorandos de entendimento entre instituições acadêmicas brasileiras e italianas, visando fortalecer a colaboração em pesquisa agropecuária e outros campos.

A visita de Mattarella ocorre em um momento significativo, coincidindo com as celebrações dos 150 anos da imigração italiana no Brasil, sublinhando a profunda ligação histórica e cultural entre os dois países.

As atuais relações bilaterais são robustas, com mais de 35 milhões de descendentes de italianos no Brasil e um importante fluxo de investimentos italianos no país, que sustentam cerca de 150 mil empregos através de mais de mil empresas operando em território brasileiro. O Brasil, por sua vez, está na liderança do G20 e coopera estreitamente com a Itália em fóruns globais, refletindo um alinhamento de interesses comuns em questões de governança global (Nodal, Prensa Latina).

OPERAÇÃO CONTRA A MILÍCIA

O governo do estado do Rio de Janeiro iniciou uma grande operação policial em 10 favelas da zona oeste da capital para conter a violência entre traficantes e milícias. Cerca de 2 mil agentes das forças militares, civis e de segurança participaram da incursão, desde a manhã desta segunda-feira (15), em bairros como Cidade de Deus, Gardênia Azul e Rio das Pedras, próximos à Barra da Tijuca. Até as 11:30, aproximadamente 20 pessoas haviam sido detidas, conforme informado pelo governador, em coletiva de imprensa. Claudio Castro mencionou que não houve confrontos, mas suspeita-se que os líderes criminosos foram alertados sobre a operação. A operação, sem data para terminar, visa reduzir a crescente criminalidade na região (La Jornada).

*Imagem em destaque: Paulo Pinto/Agência Brasil

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