Temas do aborto e da legalização da maconha ultrapassam fronteiras e atraem mídia internacional
O português Correio da Manhã noticia o movimento da sociedade brasileira contrário ao projeto de lei que equipara aborto a homicídio. O texto deixa claro de onde vem o apoio à proposta: a extrema-direita. Diz a reportagem: a esmagadora maioria dos mais de um milhão de brasileiros que responderam a uma sondagem sobre o assunto rejeita frontalmente o projeto proposto pelo movimento evangélico e pelas alas da extrema-direita ligadas ao antigo presidente Jair Bolsonaro que tenta equiparar o aborto ao homicídio. A fortíssima rejeição ao projeto, da autoria do deputado de extrema-direita Sóstenes Cavalcante, ligado ao polémico pastor Silas Malafaia, surpreendeu os seus defensores, que agora temem a repercussão negativa num ano de eleições municipais. Dos 1.142.953 brasileiros que participaram até este domingo na sondagem promovida no site da própria Câmara dos Deputados, 88% disseram “rejeitar totalmente” a proposta.
Com o crescimento das forças mais ultramontanas (doutrina católica conservadora) e da influência dos evangélicos na política brasileira, criminalizar o aborto já não chegava. A maioria conservadora da Câmara dos Deputados aprovou um requerimento de urgência para debater e aprovar uma lei que equipara o aborto depois das 22 semanas ao homicídio, mesmo em caso de violação, comenta um analista no português Expresso.
Manifestantes marcharam pela avenida Paulista, a principal de São Paulo, carregando faixas que rejeitavam a proposta, que elas chamam de a abordagem mais repressiva aos direitos reprodutivos das mulheres em décadas. Pessoas de todas as idades, incluindo muitos aposentados e crianças, encheram as ruas cantando: “Uma criança não é uma mãe, um estuprador não é um pai”. A reportagem explica o caso e traz as opiniões de autoridades. (Reuters)
O presidente Lula disse que o projeto de lei em tramitação no Congresso que equipara o aborto legal ao crime de homicídio é uma “loucura”. A declaração foi dada quando participava da reunião do G7 na Itália. De acordo com dados do sistema público, 44 bebês nascem a cada hora de mães adolescentes no Brasil, dos quais dois nascem de mulheres grávidas com idade entre 10 e 14 anos, informa o uruguaio La Diaria.
Milhares de pessoas marcharam para pedir a descriminalização da maconha no Brasil e protestar contra o avanço no Congresso de uma emenda constitucional contra a posse de drogas. Com gritos de “legalize”, os manifestantes, incluindo famílias com crianças, caminharam pela cidade. O Congresso, de maioria conservadora, aprovou um projeto de lei que introduz na Constituição o crime de porte de drogas, independentemente da quantidade, informa o mexicano La Jornada.
Manifestantes participaram da tradicional Marcha da Maconha em São Paulo no domingo, no momento em que o Parlamento debate uma proposta polêmica para endurecer a criminalização da posse de qualquer tipo e quantidade de droga ilícita. O manifesto dos organizadores da marcha denunciou a proibição das drogas como “o combustível da guerra do Estado contra os negros, pobres e periféricos”, em referência aos altos índices de violência policial no país, noticia o El Mercúrio, do Equador.
As agências France Press (AFP) e a Associated Press (AP) divulgaram vídeos da marcha pela legalização maconha.
HADDAD
O argentino La Nación traz reportagem sobre a dificuldade do ministro da Fazenda Fernando Haddad em tomar medidas para controlar os gastos públicos. O embate com o Congresso vem se repetindo. –repetindo posições da mídia conservadora brasileira. Diz o texto que Haddad, um aliado histórico de Lula e militante do Partido dos Trabalhadores, foi enfraquecido por derrotas que comprometem a já questionada responsabilidade do governo em reduzir o déficit e equilibrar a situação fiscal. Lula disse em um fórum de investidores no Rio de Janeiro, na quarta-feira, que o problema do déficit do Brasil será resolvido com “aumento da receita e redução da taxa de juros”, em vez de revisão dos gastos. O governo Lula está vivendo um cenário de esgotamento do apoio político às medidas de aumento de receita incentivadas por Haddad, criando incerteza sobre a sustentabilidade das contas públicas e desgastando o ministro no cargo, concordaram analistas consultados pelo jornal.
UCRÂNIA
“Brasil, México, Arábia Saudita e Índia dão as costas a Volodimir Zelensky na cúpula de paz”, no título do La Nación. Uma mensagem forte e um apelo ao engajamento e ao diálogo “entre todas as partes” marcaram a primeira cúpula internacional pela paz na Ucrânia, realizada neste fim de semana na Suíça, com a ausência da Rússia e da China, e sem unanimidade na declaração final, enfraquecida pela falta de apoio do Brasil, México, Índia e Arábia Saudita. O texto reafirmou “os princípios de soberania, independência e integridade territorial de todos os Estados, incluindo a Ucrânia”. Mais de dois anos após a invasão russa, a grande maioria dos cerca de 100 participantes reunidos na Suíça concordou com o conteúdo de um comunicado final que delineia maneiras de encerrar o mais importante conflito armado na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
Na imagem, faixa reivindica legalização da maconha durante manifestação no domingo na avenida Paulista, em SP / Reprodução
Jornalista, ex-Folha, Reuters e Valor Econômico. Participei da cobertura de posses presidenciais, votações no Congresso, reuniões ministeriais, além da cobertura de greves de trabalhadores e de pacotes econômicos. A maior parte do trabalho foi no noticiário em tempo real. No Fórum 21, produzo o Focus 21, escrevo e edito os textos dos analistas.